Google compra 750 mil créditos de carbono da Orizon
Em um movimento que promete sacudir o mercado voluntário de carbono, a Orizon, especialista em gestão de aterros sanitários, fechou contrato para entregar 750 mil créditos de carbono ao Google entre 2027 e 2029.
O acordo inclui rampa de preço — reajustes anuais que reconhecem a provável valorização do ativo climático — e garante caixa para transformar o aterro de Cuiabá (MT) em um moderno ecoparque, onde o metano gerado pelo lixo será capturado em vez de escapar para a atmosfera.Para Milton Pilão, CEO da Orizon, “ter a big tech como cliente é como ganhar uma estrela de confiança”, sinal que pode atrair novos compradores internacionais e acelerar o uso de tecnologias limpas em resíduos sólidos.
A aproximação contou com a Cool Effect, ONG que faz a ponte entre projetos de alta integridade e empresas dispostas a compensar emissões.
Tudo aconteceu em ritmo quase cinematográfico: durante um jantar, executivos da organização perceberam o potencial da iniciativa
e rapidamente conectaram Orizon e Google, permitindo um desfecho em poucas semanas.
A gigante do Vale do Silício busca zerar suas emissões líquidas até 2030.
No ano passado, investiu US$ 100 milhões em compensações, priorizando projetos que evitam gases super poluentes, como o metano.
Com a explosão da inteligência artificial, seus data centers demandam mais energia e, consequentemente,
ampliam a pegada de carbono. Créditos ligados à captura de metano, 28 vezes mais potente que o CO2,
são hoje peças chave na estratégia climática da empresa.
O contrato, cujos valores permanecem confidenciais, parte de um patamar superior aos US$ 7
que a Orizon obtém em média por tonelada de CO2 e prevê aumentos anuais independentes da inflação.
Segundo Pilão, o Google aceitou a rampa porque enxerga valorização futura dos créditos brasileiros,
especialmente se parte deles passar a circular em um mercado regulado ainda em construção no país.
A previsibilidade de caixa permite acelerar a conversão do aterro de Cuiabá em ecoparque,
elevando a captura de biogás e a geração de energia ou biometano.
Dos 17 aterros operados pela companhia, 7 já geram créditos; Cuiabá será o oitavo,
ampliando a diversificação das receitas, hoje dominadas por contratos com prefeituras.
A Orizon já trata 12% dos resíduos enviados a aterros no Brasil.
Apenas entre 2023 e 2024, o volume saltou de 8,3 milhões para 8,7 milhões de toneladas.
No mesmo período, gerou 3,5 milhões de créditos de carbono e vendeu 1,9 milhão.
Com um follow on bem sucedido de R$ 635 milhões, a companhia abriu espaço no balanço
para novas aquisições sem elevar a alavancagem, além de atrair a gestora EB Capital para o bloco de controle.
Desde janeiro, as ações subiram quase 40%, reflexo do apetite dos investidores por negócios sustentáveis.
Segundo Pilão, embora o mercado aplauda os resultados operacionais,
muitos analistas ainda tratam a receita de carbono como sazonal.
Contratos recorrentes, como o do Google, tendem a mudar essa percepção,
permitindo que o fluxo de caixa ambiental seja incorporado às projeções financeiras.
Em aterros tradicionais, a decomposição de resíduos libera metano diretamente na atmosfera.
O ecoparque da Orizon usará sistemas de drenagem e queima controlada ou purificação do biogás,
evitando emissões e possibilitando a venda de créditos.
O gás limpo — o biometano — pode substituir o gás natural
em veículos ou indústrias sem adaptação de equipamentos.
O pacote de 750 mil toneladas faz parte de um lote maior de 1 milhão que o Google acaba de adquirir,
focado em gases de efeito estufa de alto impacto.
A tendência, avalia Pilão, é de aumento na demanda, impulsionada por metas corporativas
e pela possível integração de alguns créditos ao futuro mercado regulado brasileiro.
Enquanto isso, a Orizon mantém uma equipe comercial dedicada,
liderada por Eduardo Laguardia, para apresentar seus projetos a empresas da Europa e da América do Norte.
Esse contato direto com compradores tem sido crucial para obter preços acima da média
e divulgar o modelo brasileiro de transformação de lixões em aterros sanitários e, depois, em ecoparques.
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