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Durante a COP30, em Belém, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou uma nova leitura do planeta que muda o eixo do olhar global. O mapa-múndi “Pará no centro do mundo”, lançado oficialmente nesta quinta-feira (13), desloca o ponto de referência cartográfico para o coração da Amazônia e faz de Belém não apenas sede da conferência do clima, mas também o novo marco simbólico da geografia mundial.
A proposta, concebida pela Superintendência Estadual do IBGE no Pará, rompe com a representação tradicional dos mapas, geralmente centrados no hemisfério Norte e baseados em convenções eurocêntricas. Na nova projeção, o hemisfério Sul ocupa o topo e o Norte aparece abaixo, invertendo a lógica geopolítica e visual que domina o imaginário ocidental há séculos.
Mais do que um exercício gráfico, o mapa propõe uma mudança de perspectiva sobre o lugar do Brasil e da Amazônia no mundo. Ele reafirma que as representações espaciais não são neutras — são construções culturais e políticas que moldam o modo como compreendemos o planeta e a nossa posição nele.
A escolha de colocar o Pará no centro do mapa reflete o papel estratégico da região nas discussões sobre clima, biodiversidade e sustentabilidade. A Amazônia Legal, que reúne nove estados brasileiros e faz fronteira com países vizinhos como Peru, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, aparece em destaque, mostrando sua dimensão continental e o alcance de suas interconexões.
O novo mapa se transforma, assim, em um símbolo visual da centralidade da Amazônia nas decisões globais sobre o futuro do planeta. Ele convida à reflexão sobre como as noções de “centro” e “periferia” mudam quando a referência passa a ser a floresta tropical que regula o clima global e abriga a maior diversidade biológica do mundo.
“A inversão do mapa é também um ato propositivo de descolonização cognitiva”, afirmou o presidente do IBGE, Marcio Pochmann. “Simboliza que o modo como se representa o espaço está profundamente conectado ao protagonismo da COP30.”
Ao trazer Belém para o centro, o IBGE não apenas desafia uma tradição cartográfica, mas também valoriza a perspectiva dos povos amazônicos, historicamente invisibilizados nas narrativas globais. A nova projeção visualiza o território amazônico como núcleo de saberes, culturas e estratégias para o equilíbrio climático — e não como uma “fronteira distante” da civilização.
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A iniciativa faz parte do esforço do IBGE em construir leituras mais inclusivas e plurais do território brasileiro, em sintonia com a missão da COP30 de dar voz às regiões mais impactadas pela crise climática.
“Ao colocar o Pará no centro, destacamos não apenas uma nova perspectiva geográfica, mas também simbólica — que valoriza o protagonismo da Amazônia e de seus povos nas discussões globais”, afirmou Pochmann. “Essa inversão nos lembra que o olhar sobre o mundo pode e deve mudar, reconhecendo a importância de diferentes territórios e realidades na construção de um planeta mais equilibrado e sustentável.”
O mapa-múndi invertido é, portanto, uma obra de comunicação geográfica e política: uma forma de ressignificar a maneira como o Brasil se vê e é visto. Em tempos de emergência climática, em que a Amazônia assume papel decisivo na regulação do clima global, o gesto do IBGE traduz em imagem o que a diplomacia brasileira tenta afirmar em palavras — que o país e sua floresta ocupam o centro das soluções para o futuro.
Belém, que já se tornou a “capital simbólica” do planeta durante a COP30, é agora literalmente o epicentro de uma nova cartografia política e ambiental. O mapa lançado pelo IBGE é mais que uma peça técnica: é um manifesto visual sobre o reposicionamento do Sul Global e o reconhecimento da Amazônia como fonte de conhecimento, não apenas de recursos.
Ao fim, a iniciativa convida o mundo a olhar o planeta de cabeça para baixo — ou talvez, pela primeira vez, do ângulo certo. O mapa-múndi “Pará no centro do mundo” traduz o espírito da COP30: deslocar perspectivas, recentrar vozes e imaginar um futuro em que as coordenadas do poder e da consciência ecológica não coincidam mais com as fronteiras da desigualdade.
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