Ministra Marina Silva - Valter Campanato/Agência Brasil
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) completa 18 anos de existência marcado por conquistas e desafios que traduzem a complexidade de proteger a natureza em um país continental como o Brasil. Criado em 2007, o órgão chega à maioridade responsável pela gestão de 344 unidades de conservação, o equivalente a cerca de 9,5% do território nacional, atuando tanto na proteção da biodiversidade quanto no apoio às comunidades tradicionais que vivem desses territórios.
Na Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, onde vivem aproximadamente 3,5 mil famílias, o trabalhador rural Dione Torquato, de 38 anos, testemunha mudanças significativas desde a criação do instituto. Ele relata que políticas públicas chegaram ao território, trazendo melhorias nas condições de vida e de trabalho, mas reconhece que ainda há lacunas importantes a preencher. Para Dione, que também é secretário-geral do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, o grande desafio é garantir oportunidades para a juventude. “Os jovens querem permanecer e continuar suas atividades, mas com novas perspectivas”, afirma.
Durante a celebração dos 18 anos, realizada em Brasília, a ministra do Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, destacou a relevância histórica do instituto, que nasceu para transformar em prática a defesa técnica e sensível da biodiversidade. Para a ministra, a trajetória do ICMBio mostra que a gestão ambiental não pode estar sujeita a disputas ideológicas. “Gestores podem ser de esquerda, de direita, de centro. O que não podem é ser negacionistas em relação ao meio ambiente”, ressaltou.
O presidente do ICMBio, Mauro Pires, acrescenta que o órgão chega à maioridade com uma imensa responsabilidade: administrar áreas naturais sob pressão constante de diferentes atividades humanas. “Em alguns lugares, é a agropecuária; em outros, a atividade industrial. O setor empresarial precisa ser parte da solução, e temos trabalhado nesse sentido”, explicou. Para ele, equilibrar conservação da biodiversidade e respeito às populações que vivem do extrativismo é a essência da missão do instituto.
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Os planos de ação buscam reduzir ameaças a espécies vulneráveis e conter o desmatamento em biomas como Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga. A estratégia envolve monitoramento constante, fiscalização em campo e cooperação com outras instituições públicas e privadas. “O desmatamento é uma preocupação permanente. Mas temos trabalhado para reduzir a pressão e garantir que as unidades cumpram sua função ecológica e social”, afirmou Pires.
A atuação do instituto, no entanto, depende diretamente de sua estrutura. Atualmente, conta com cerca de 1,5 mil servidores, reforçados recentemente por 350 novos concursados. Mesmo assim, o número ainda é considerado insuficiente para cobrir de forma eficaz um território tão extenso. A expectativa é ampliar gradualmente o quadro de funcionários, garantindo maior presença em campo.
Apesar das dificuldades, a existência do ICMBio tem sido fundamental para transformar realidades. A chegada de cursos de capacitação, apoio à produção de castanha, borracha, açaí e pesca artesanal, além do fortalecimento do monitoramento territorial, têm oferecido às comunidades extrativistas novos caminhos para permanecer em suas áreas com dignidade e sustentabilidade.
Ao longo desses 18 anos, o instituto se consolidou como peça-chave na política ambiental brasileira, simbolizando um esforço coletivo para preservar não apenas florestas e rios, mas também a cultura e a vida de quem depende diretamente deles. O futuro, no entanto, exigirá ainda mais articulação, inovação e recursos para que o Brasil consiga proteger sua biodiversidade ao mesmo tempo em que garante justiça social para as populações que vivem em seus territórios.
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