Fonte: ODATA
Quando pensamos em poluição e mudanças climáticas, o que geralmente vem à mente são imagens de fumaça saindo de chaminés, carros emitindo gases tóxicos ou os impactos do desmatamento em larga escala. Raramente nos lembramos que o e-mail enviado, a série assistida por streaming ou a simples pesquisa no navegador também deixam rastros ambientais, e esses rastros são cada vez maiores.
A computação, seja por meio de seus dispositivos, redes ou infraestrutura, tem um impacto ambiental significativo. O crescimento da digitalização, impulsionado por tecnologias como inteligência artificial, big data e computação em nuvem, está gerando uma demanda crescente por energia e recursos naturais. Neste cenário, a pergunta “como a computação afeta o meio ambiente?” se torna essencial para repensarmos o papel da tecnologia na luta contra a crise climática.
Um dos maiores vilões da pegada digital são os data centers, estruturas físicas que armazenam e processam dados de empresas, governos e usuários em todo o mundo. São verdadeiros “cérebros” da internet, que operam 24 horas por dia, exigindo energia constante para funcionamento e refrigeração.
Estima-se que os data centers sejam responsáveis por cerca de 1 a 2% do consumo global de eletricidade, valor comparável ao de alguns países de médio porte. A depender da matriz energética de cada região, isso pode representar uma emissão significativa de gases de efeito estufa. Em países onde o carvão e o gás natural ainda predominam, o impacto é ainda mais nocivo ao meio ambiente.
Além disso, esses centros de dados consomem grandes volumes de água para resfriamento. Em algumas regiões dos Estados Unidos, por exemplo, data centers chegam a usar milhões de litros de água por dia, contribuindo para o estresse hídrico local.
Smartphones, laptops, servidores e outros equipamentos computacionais dependem de matérias-primas como lítio, cobalto, ouro e terras raras. A extração desses minerais envolve processos intensivos, que muitas vezes resultam em degradação ambiental, poluição de rios, desmatamento e impactos sociais em comunidades locais.
O ciclo de vida desses dispositivos também é curto. O modelo de consumo atual, baseado na obsolescência programada, estimula a troca constante de equipamentos, gerando milhões de toneladas de lixo eletrônico (e-waste) por ano. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo gerou mais de 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico em 2022, e menos de 20% desse total foi reciclado corretamente.
A popularização da computação em nuvem trouxe vantagens em termos de acessibilidade e armazenamento, mas também contribuiu para o aumento da demanda por energia. Cada vez que um vídeo é assistido, uma música é transmitida ou um documento é salvo na nuvem, dados são transmitidos por redes e processados em servidores localizados a milhares de quilômetros de distância.
Um estudo publicado na Nature estimou que o setor de tecnologia da informação poderá consumir até 20% da eletricidade mundial até 2030, se não houver mudanças estruturais. Isso coloca a digitalização como um ator-chave na agenda ambiental.
O avanço de tecnologias como inteligência artificial (IA) e machine learning também contribui para a elevação do consumo energético. O treinamento de modelos de IA requer o processamento de vastos volumes de dados, o que demanda alto poder computacional.
Um relatório da Universidade de Massachusetts Amherst revelou que o treinamento de um único modelo de linguagem pode emitir mais de 280 toneladas de CO₂, o equivalente ao que cinco carros produzem ao longo de suas vidas úteis. À medida que o uso da IA se populariza, o desafio é tornar essas ferramentas mais eficientes e sustentáveis.
Apesar dos impactos preocupantes, a computação também pode ser aliada na busca por soluções sustentáveis. O conceito de computação verde (ou green computing) propõe práticas e tecnologias que reduzam o consumo de energia, aumentem a eficiência de dispositivos e promovam o reuso e reciclagem de equipamentos.
Algumas estratégias incluem:
Design de algoritmos mais eficientes, que demandem menos poder de processamento.
Uso de fontes renováveis para alimentar data centers, como solar e eólica.
Reaproveitamento de calor gerado por servidores, que pode aquecer edifícios ou estufas agrícolas.
Programas de logística reversa para coleta e reciclagem de eletrônicos.
Extensão da vida útil dos dispositivos, por meio de manutenção, atualizações de software e combate à obsolescência.
Gigantes da tecnologia, como Google, Microsoft e Amazon, já anunciaram compromissos para zerar suas emissões líquidas nas próximas décadas, investindo em energia limpa e melhorias operacionais. No entanto, especialistas alertam que essas ações ainda são insuficientes diante da velocidade de crescimento do setor.
Além das empresas e dos governos, os usuários também têm um papel importante. Atitudes simples como reduzir o número de e-mails enviados, evitar o uso excessivo de serviços de streaming, desligar aparelhos em stand-by e optar por produtos duráveis e recicláveis podem ajudar a diminuir a pegada digital.
Em um mundo cada vez mais conectado, repensar o impacto da computação sobre o meio ambiente é urgente. A tecnologia pode ser uma aliada poderosa na transição para uma economia sustentável, mas para isso é preciso consciência, regulação e inovação voltadas ao bem comum e não apenas à eficiência e ao lucro.
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