Meio Ambiente

Intensificação da agricultura e o reflorestamento reduzem emissões em SP

 

São Paulo, o quarto maior emissor de gases de efeito estufa no Brasil, apresenta um perfil de emissões distinto do nacional. Enquanto o desmatamento e a agricultura são os principais contribuintes em nível nacional, em São Paulo, a energia, principalmente os combustíveis fósseis, é responsável por 71% das emissões.

Publicidade

Essa realidade faz com que São Paulo se assemelhe mais à média global, onde 73% das emissões são provenientes da queima de combustíveis fósseis e 18% de mudanças no uso do solo e agricultura.

Maurício Cherubin, vice-coordenador geral e diretor de pesquisa do Centro de Pesquisa de Carbono em Agricultura Tropical (CCARBON), argumenta que é necessário potencializar setores que contribuem para a redução das emissões. Embora a agricultura ainda represente 25% das emissões paulistas, as mudanças de uso do solo são quase nulas, pois não há mais grande desmatamento há alguns anos e há um avanço na silvicultura. Portanto, é crucial avançar ainda mais em termos de reflorestamento e restauração florestal.

Cherubin estima que em São Paulo há um déficit de 700 mil hectares de Área de Preservação Permanente e 800 mil hectares de Reserva Legal. Para reflorestar mais, é necessário intensificar o uso da terra voltado à agropecuária, especialmente no setor canavieiro, que é a principal produção do estado.

Patrícia Morellato, diretora do Centro de Pesquisa em Biodiversidade e Mudanças Climáticas (CBioClima), defende que a resposta às mudanças climáticas precisa estar na conservação. Ela argumenta que a solução para as mudanças climáticas passa pela conservação e redução da perda de biodiversidade.

Os pesquisadores também destacaram a importância de reduzir o uso de combustíveis fósseis. Jean Ometto, pesquisador sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), alerta que precisamos reduzir drasticamente o uso de combustíveis fósseis e necessitamos de transformações urgentes e sistêmicas para garantir um futuro resiliente com emissões líquidas zero.

Marcos Buckeridge, integrante do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), listou seis iniciativas para a descarbonização, incluindo a diminuição do uso de combustíveis fósseis, o aumento da produção de biocombustíveis e a produção de eletricidade suficiente para a eletrificação da frota.

Buckeridge alerta que, embora se diga que a indústria do petróleo teria um prazo de apenas mais 50 anos, “nunca se sabe”. Portanto, a exploração de petróleo pode ser menos carbonizada. Ele sugere aumentar a produção de biocombustíveis, acoplar os sistemas de bioenergia com o de captura de carbono, além de incrementar a produção canavieira, ou seja, usar menos área para produzir mais da planta e, por consequência, mais etanol.

A sessão “Mudanças Climáticas e Transição Energética” também abordou temas como os desafios científicos e tecnológicos da transição energética, adaptação, mitigação e resiliência às mudanças climáticas, economia circular e bioeconomia, mudanças climáticas e biodiversidade, e economia de baixo carbono.

Redação Revista Amazônia

Published by
Redação Revista Amazônia

Recent Posts

A precipitação provoca calor húmido extremo nos trópicos e subtrópicos

A equipe, da Universidade de Leeds e do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido, forneceu…

13 horas ago

As abelhas são afetadas por temperaturas mais altas e uso mais intensivo da terra

O número e a diversidade de Abelhas estão diminuindo em todo o mundo. Alguns estudos…

15 horas ago

Quer a zamioculca com folhas brilhantes? Veja como fazer a limpeza sem produtos agressivos

Imagine entrar em casa e ser recebido por uma planta com folhas tão verdes e…

16 horas ago

Orquídea com brotos novos e sem flor? Veja o que pode estar travando a floração

As suas orquídeas estão cheias de folhas verdes e brotos novos, mas nenhuma flor aparece?…

16 horas ago

Como o barulho virou um ‘assassino silencioso’ ligado a doenças cardíacas, diabetes e demência

Pesquisas revelam que o ruído constante em ambientes urbanos pode causar impactos severos na saúde…

17 horas ago

Estudantes de Sergipe criam tecnologia que purifica água com resíduos de quiabo

Projeto desenvolvido por alunos do ensino médio em Canindé de São Francisco propõe solução sustentável…

17 horas ago