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Investimentos para fortalecer ciência e tecnologia chegam a R$ 26,3 bilhões em dois anos

Os investimentos nas áreas científica e tecnológica do país bateram recorde. Desde janeiro de 2023, foram contratados mais de R$ 26,3 bilhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) para fortalecer a ciência brasileira. A verba supera os valores contratados entre 2020 e 2022, quando, juntando os três anos, os recursos não chegaram a R$ 10,5 bilhões.

O valor investido foi um dos temas abordados pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, durante o programa Bom Dia, Ministra desta quarta-feira (18/12), transmitido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

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Screenshot 2024 12 19 095827Screenshot 2024 12 19 095827“Nós alocamos esse investimento em dez programas. Só foi possível bater esses recordes graças a uma decisão do presidente Lula, já no ano passado, de fazer a reintegração completa do nosso fundo, porque o governo anterior tinha contingenciado recursos até 2026 através de medida provisória. Esses programas vão do combate à fome, passando pela transição energética, transformação digital, Pró-Amazônia, recuperação de acervos, sejam eles científicos, e a novidade é que nós também acrescentamos acervos culturais. Também na transformação digital, inclui o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial”, afirmou a ministra.

Pró-Amazônia

Para articular iniciativas locais e gerar conhecimento sobre a sociobiodiversidade amazônica, a ministra informou que os investimentos do FNDCT no Programa Pró-Amazônia chegam a R$ 3,4 bilhões.

“Nós temos a necessidade de fazer uma política pública na Amazônia que aproveite a nossa biodiversidade e que aquela riqueza possa servir ao seu povo e a sua gente através da bioeconomia. A transição energética é uma necessidade em função das emissões do gás do efeito estufa, porque esse é um compromisso do governo brasileiro, reafirmado agora na COP 29 no Azerbaijão, e nós estamos integralmente nesses desafios. É exatamente na transição energética e na transformação digital que entra também a NIB, a Nova Indústria Brasil, que é liderada pelo vice-presidente (Geraldo) Alckmin. São seis missões e também nosso ministério está nessas seis missões, através desses programas da transição energética, desde o combustível, passando pela formação”, explicou Luciana Santos.

IA

Durante o bate-papo com radialistas de várias regiões, a ministra também falou sobre o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), lançado em julho. O plano prevê R$ 23 bilhões em investimentos até 2028, com recursos de fontes como o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e setor privado.

Dividido em cinco eixos (Infraestrutura e Desenvolvimento de IA; Difusão, Formação e Capacitação; IA para Melhoria dos Serviços Públicos; IA para Inovação Empresarial e Apoio ao Processo Regulatório e de Governança da IA), o PBIA tem como objetivo equipar o Brasil com infraestrutura tecnológica avançada com alta capacidade de processamento.

“O primeiro deles (eixos) é de infraestrutura. Porque sem supercomputadores, nós não temos como armazenar e processar dados. E a inteligência artificial é, antes de tudo, a ciência dos dados. Então nós estamos considerando a nossa capacidade instalada no Brasil”

“Nós não devemos a nenhum lugar do mundo do ponto de vista do investimento público. Nós estamos equiparados aos investimentos públicos europeus. Estou muito otimista que a gente vá dar conta do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial e, principalmente, cuidar dos dados brasileiros. Que o SUS (Sistema Único de Saúde), que a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que a produção científica não seja apropriada por nenhuma big tech.

Por isso que a gente chama de soberano, que significa soberania nacional, que dados da nossa produção científica fiquem sob o controle do Estado brasileiro, e que a gente possa ter a capacidade de integrar esses dados para poder planejar e tomar decisões mais estratégicas para o Brasil”, disse a ministra.

Entre os objetivos do plano estão desenvolver modelos avançados de linguagem em português, com dados nacionais que abarcam nossas características culturais, sociais e linguísticas, para fortalecer a soberania em IA e promover a liderança global do Brasil em IA por meio do desenvolvimento tecnológico nacional e ações estratégicas de colaboração internacional.

Uma das ações do plano é o investimento no supercomputador Santos Dumont para o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) que possa atender a demanda de pesquisas na área, tanto pelos centros de pesquisa, como pela iniciativa privada. Esse será um dos cinco supercomputadores mais potentes do mundo, como parte da estratégia de equipar o Brasil com infraestrutura tecnológica avançada com alta capacidade de processamento, alimentada por energias renováveis.

“Nós temos o supercomputador mais importante que é o Pegasus, que é da Petrobras. Ele é o mais potente do Brasil. No entanto, é muito focado, naturalmente, na cadeia de petróleo e gás. E nós estamos dando um salto grande no Santos Dumont, que fica em Petrópolis. Em fevereiro o presidente Lula já poderá inaugurar. Chegaram 20 toneladas em três carretas de insumos para o nosso Santos Dumont. Vamos montar uma rede de data centers, e estamos cuidando da formação em inteligência artificial”, afirmou a ministra, citando uma previsão de que o Brasil poderia alcançar um déficit de até 500 mil desenvolvedores de software, caso não exista ações para formar profisisonais.

Inclusão

Luciana Santos falou sobre ações para incentivar a inclusão de mulheres no setor e ciência e tecnologia. A ministra citou o edital Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação, que vai investir R$ 100 milhões ao longo de três anos em 126 projetos aprovados para incentivar a permanência e a ascensão de meninas e mulheres em carreiras dessas áreas. A previsão é de que sejam concedidas entre 4.500 e 5.400 bolsas a meninas e mulheres da educação básica ao doutorado.

“Nós precisamos quebrar essa subjetividade que as meninas não gostam, não querem fazer matemática, física. Nós temos que quebrar porque isso não existe. É uma cortina de fumaça, e por isso mesmo nós estamos estimulando esse acesso e ascensão”.

“Outra curiosidade é que nós somos a maioria das universitárias, nós somos a maioria das bolsas de iniciação científica júnior, nós somos 65% das bolsas de iniciação científica. No entanto, quando chega no topo da carreira, que é a bolsa de produtividade, isso se reduz a um funil de 30%. Isso significa que há problemas na permanência. A politica de cuidados, as barreiras de uma sociedade machista, de alguma maneira impedem ali a permanência das mulheres. Então para isso nós estamos mudando a pontuação do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Desde janeiro deste ano nós estamos flexibilizando tempo para as meninas e mulheres que muitas vezes não têm como cumprir os prazos em função de uma gravidez, em função do cuidado de um idoso da sua família”, explicou a ministra.

Ela também citou o edital do Atlânticas – Programa Beatriz Nascimento de Mulheres na Ciência, que investiu R$ 6 milhões para a concessão de bolsas de doutorado-sanduíche e pós-doutorado no exterior, com o objetivo de aumentar a presença e permanência de mulheres negras, quilombolas, indígenas e ciganas na ciência brasileira.

Redação Revista Amazônia

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