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No imaginário popular, a jiboia costuma ser vista com receio ou mesmo medo, por conta de seu tamanho e aparência imponente. No entanto, essa serpente inofensiva para os seres humanos desempenha um papel crucial no equilíbrio dos ecossistemas — inclusive nos centros urbanos. Sim, a jiboia é uma verdadeira aliada no controle de pragas urbanas, e entender sua função pode mudar a forma como a enxergamos.
Apesar de sua fama, a jiboia não é venenosa. Ela é uma serpente constritora, ou seja, mata suas presas por constrição, envolvendo o corpo ao redor delas até cessarem os batimentos cardíacos. E quem são essas presas? Justamente muitos dos animais que causam transtornos nas áreas urbanas: ratos, camundongos, gambás, morcegos e até aves consideradas invasoras.
A jiboia é ativa ao entardecer e durante a noite, períodos em que muitas dessas pragas também circulam. Ao caçar de forma silenciosa e eficiente, ela reduz drasticamente a população desses animais, funcionando como uma espécie de “predadora natural” onde o uso de venenos poderia ser perigoso ou ineficaz.
Com a crescente urbanização e a destruição de habitats naturais, a jiboia tem sido vista com mais frequência em áreas residenciais, especialmente naquelas próximas a matas, reservas ou terrenos baldios. Casas com quintais grandes, terrenos com entulho, jardins abandonados e até condomínios fechados costumam ser pontos de aparição da espécie.
Em cidades que margeiam áreas de mata atlântica ou de floresta tropical, como muitas no Sudeste e no Centro-Oeste do Brasil, a presença da jiboia pode ser sinal de um ambiente ainda equilibrado. Ela procura locais com oferta de alimento e abrigo — o que, infelizmente, inclui muitas áreas urbanizadas mal cuidadas.
Um dos maiores mitos sobre a jiboia é que ela representa um risco à vida humana. Na verdade, essa serpente é extremamente pacífica. Ela não ataca sem ser provocada e, quando se sente ameaçada, tende a fugir ou permanecer imóvel, na tentativa de se camuflar.
Outro equívoco comum é confundi-la com espécies peçonhentas, como a jararaca ou a surucucu. A jiboia tem cabeça achatada, olhos com pupila vertical e coloração que varia entre tons de marrom, bege e preto, formando desenhos irregulares pelo corpo. Sua aparência pode até intimidar, mas ela não possui glândulas de veneno e, portanto, não oferece risco tóxico.
Além do controle de ratos — um dos maiores vetores de doenças urbanas como leptospirose e hantavirose —, a jiboia também ajuda a conter populações de gambás, morcegos frugívoros e até pombos, que transmitem doenças como criptococose e salmonelose.
Ao invés de depender exclusivamente de armadilhas e venenos, o ambiente urbano pode se beneficiar dessa predadora natural. O maior desafio, porém, está em educar a população para respeitar a presença desse animal e não agir de forma violenta quando encontrá-lo.
Se você avistar uma jiboia em seu quintal, muro ou até dentro de casa, o ideal é manter distância e acionar o Corpo de Bombeiros ou a Polícia Ambiental da sua cidade. Evite tentar capturá-la ou espantá-la com objetos, pois isso pode gerar uma situação de estresse para o animal — e, em casos extremos, uma mordida defensiva, ainda que inofensiva em termos de veneno.
As autoridades têm protocolos específicos para resgatar esses animais com segurança e devolvê-los à natureza ou, se necessário, encaminhá-los para centros de reabilitação. Em alguns casos, as jiboias são levadas a áreas de mata próxima ou utilizadas em programas de educação ambiental.
Manter o quintal limpo, sem acúmulo de lixo ou entulho, é uma forma de evitar a presença de roedores — e, por consequência, de predadores como a jiboia. Mesmo assim, se você vive em regiões próximas a matas ou áreas de preservação, é possível que a visita desse réptil aconteça.
O segredo está em compreender que, longe de ser uma ameaça, a jiboia está ajudando a manter sob controle uma cadeia de pragas que pode causar danos sérios à saúde humana e ao meio ambiente urbano. Ela é, portanto, parte da solução — e não do problema.
Curiosamente, muitas culturas indígenas brasileiras reverenciam a jiboia como um símbolo de sabedoria, força e conexão com a terra. Na tradição amazônica, por exemplo, ela é vista como guardiã dos rios e florestas. Ao resgatar esse olhar mais simbólico e respeitoso, é possível reverter a ideia de que serpentes são sempre inimigas.
Campanhas de educação ambiental em escolas, praças e feiras livres já vêm incluindo a jiboia como personagem educativa, com o objetivo de gerar empatia e conhecimento sobre sua importância. Quando compreendida como parte da biodiversidade que protege as cidades, ela ganha o reconhecimento que merece.
Se você ainda vê a jiboia com desconfiança, vale lembrar que ela trabalha incansavelmente — e de graça — para manter a sua casa livre de ratos e outras pragas. No fim das contas, respeitar a natureza é também cuidar da própria saúde e do bem-estar urbano.
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