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O secretário-executivo da ONU para Mudanças Climáticas, Simon Stiell, abriu oficialmente a COP30, em Belém (PA), com um discurso que combinou otimismo cauteloso e um forte chamado à ação global.
Diante de delegações de quase 200 países, Stiell afirmou que o Acordo de Paris está funcionando, mas alertou que o ritmo atual “ainda é insuficiente para evitar uma catástrofe climática”.
“O Acordo de Paris está entregando progresso real. Mas precisamos nos esforçar com muito mais coragem”, disse o representante das Nações Unidas.
No discurso, Stiell lembrou que há dez anos, durante a COP21 em Paris, o mundo “desenhava o futuro” que hoje começa a tomar forma — com a curva global de emissões finalmente em queda.
Segundo ele, governos legislaram e mercados responderam, resultando em avanços inéditos na transição energética.
“A curva de emissões foi dobrada para baixo. Mas ainda há muito trabalho a fazer. Precisamos agir muito mais rápido — tanto na redução das emissões quanto no fortalecimento da resiliência climática”, afirmou.
O chefe da ONU Clima destacou que o planeta ainda pode retornar à meta de 1,5°C após um eventual “ultrapasse temporário”, mas que isso exigirá coordenação e velocidade inéditas.
“Lamentar não é uma estratégia. Precisamos de soluções”, declarou.
Stiell comparou a COP30 à própria hidrografia amazônica, destacando que o progresso climático depende de muitos fluxos de colaboração internacional:
“O rio Amazonas não é um único curso d’água, mas um sistema sustentado por milhares de afluentes.
Assim também deve ser o processo da COP — movido por múltiplas correntes de cooperação global.”
O diplomata lembrou que nenhum país pode arcar sozinho com as perdas provocadas por eventos climáticos extremos e que “vacilar diante da fome, da seca e dos desastres seria imperdoável”.
“A economia dessa transição é tão clara quanto o custo da inação”, disse.
O discurso também apresentou as prioridades concretas para a conferência em Belém:
Implementar o “Roteiro Baku-Belém”, com meta de US$ 1,3 trilhão por ano em financiamento climático até 2035;
Acelerar a transição energética justa, definindo acordos práticos para triplicar o uso de renováveis e dobrar a eficiência energética;
Colocar em prática o Programa de Implementação Tecnológica aprovado em conferências anteriores;
Definir indicadores claros para o Objetivo Global de Adaptação, que ajudará países a lidar com desastres climáticos;
Transformar compromissos em resultados mensuráveis, garantindo que a COP30 seja lembrada pela ação, não apenas pelas promessas.
“Precisamos unir o mundo das negociações à realidade da economia. Cada gigawatt de energia limpa cria empregos e reduz a poluição.
Cada ação de adaptação salva vidas e protege comunidades. Essa é a história de crescimento do século XXI”, afirmou.
Encerrando a fala, Stiell citou Franklin Roosevelt, lembrando que a história pertence “a quem está na arena, coberto de poeira e suor, lutando com coragem”.
“Na arena da COP30, o papel de vocês não é lutar entre si — é lutar juntos contra a crise climática.”
O chefe da ONU reforçou que o mundo entrou em uma década decisiva, em que “hesitar não é mais uma opção”.
“Paris está funcionando. Mas precisamos nos esforçar ainda mais. Este é o momento de agir com coragem e ambição”, concluiu.
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