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Inscrições abertas para Maratona de Ideias do Babaçu envolvendo professores e estudantes

A Agência Alemã de Cooperação Técnica (GIZ), em parceria com o Governo do Estado do Maranhão e a Embrapa Maranhão, promove a Maratona de Ideias do Babaçu, um evento que desafia estudantes do ensino médio e professores a desenvolverem soluções criativas e viáveis para os desafios enfrentados pelas quebradeiras de coco babaçu e suas organizações.

Inscrições

As inscrições estão abertas até as 20h do dia 20 de fevereiro e devem ser feitas exclusivamente pelo link: https://bit.ly/maratona-babacu. O evento ocorrerá nos dias 13 e 14 de março no Parque Botânico da Vale, em São Luís.

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Como participar e premiação

A maratona oferece vagas para até 10 equipes, formadas por estudantes do 1º, 2º e 3º anos do ensino médio de escolas públicas dos municípios de São Luís, Raposa, Paço do Lumiar e São José de Ribamar. Cada equipe deve ter entre 4 e 5 estudantes, além de um professor responsável. Os participantes serão desafiados a pensar em soluções para problemas reais enfrentados pelas quebradeiras de coco, organizados em quatro temas principais:

  1. Geração de renda
  2. Saúde e segurança
  3. Inovação
  4. Sucessão geracional

Entre os desafios propostos estão:

  • Gestão da produção;
  • Alternativas acessíveis para gestão financeira;
  • Divulgação dos produtos à base de babaçu para públicos urbanos;
  • Equipamentos de proteção individual (EPI) mais eficientes;
  • Engajamento de jovens no trabalho com o babaçu;
  • Extração manual do mesocarpo com maior produtividade;
  • Secagem do mesocarpo sem equipamentos específicos.

Os projetos serão avaliados com base em critérios como:

  • Inovação
  • Criatividade
  • Viabilidade financeira
  • Aplicabilidade no dia a dia das quebradeiras
  • Qualidade do protótipo apresentado

As três melhores equipes serão premiadas com uma viagem de experiência para conhecer empreendimentos de base comunitária nos municípios de Anajatuba, Itapecuru Mirim e Chapadinha.

O regulamento completo está disponível em www.bit.ly/regulamento-maratona-babacu.

Lançamento e importância do evento

A Maratona de Ideias do Babaçu foi oficialmente lançada no dia 24 de janeiro, na Fábrica de Inovação do IFMA Monte Castelo. Durante o evento, Westphalen Nunes, assessor técnico da GIZ, destacou a importância da parceria entre a GIZ, o Governo do Maranhão e a Embrapa para promover a inovação na cadeia produtiva do babaçu. “Essa iniciativa une conhecimento científico e tradicional, buscando soluções que beneficiem diretamente as quebradeiras de coco e suas comunidades”, afirmou.

Foto: Carolina Motoki/Repórter Brasil

Guilhermina Cayres, pesquisadora e chefe-adjunta de transferência de tecnologia da Embrapa, reforçou que o babaçu é uma prioridade para a atuação da instituição no Maranhão. “A Embrapa tem investido na agregação de valor aos produtos e coprodutos do babaçu, em parceria com as quebradeiras de coco. Incluir os jovens nesse processo é fundamental para garantir a continuidade e a inovação nessa cadeia produtiva”, disse.

Ricarte Almeida, secretário-adjunto de organização das produções da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), ressaltou que “inovação e tradição não são antagônicas”. Ele destacou o papel da juventude na melhoria dos processos de gestão dos empreendimentos das quebradeiras de coco. “A participação dos jovens é essencial para trazer novas ideias e perspectivas que possam fortalecer essa atividade tão importante para o Maranhão”, completou.

Sobre o Projeto Cadeias Sustentáveis

A Maratona de Ideias do Babaçu faz parte do Projeto Cadeias Sustentáveis, uma iniciativa global do Governo Alemão que visa eliminar o desmatamento e o desrespeito aos direitos humanos nas cadeias de produtos e serviços consumidos na Alemanha. No Brasil, o projeto é implementado em parceria com o Governo do Maranhão e tem como objetivo aumentar a sustentabilidade das cadeias produtivas da soja e de produtos da sociobiodiversidade, como o babaçu e a carnaúba.

As quebradeiras de coco babaçu no Maranhão: guardiãs da sociobiodiversidade

No Maranhão, as quebradeiras de coco babaçu são mais do que trabalhadoras rurais; elas são guardiãs de uma tradição secular e protagonistas na preservação da sociobiodiversidade da região. O babaçu, uma palmeira típica do bioma amazônico e do cerrado, é fonte de sustento para milhares de famílias, especialmente mulheres, que atuam na coleta e processamento do coco para extrair seus subprodutos, como o óleo, o mesocarpo (farinha) e o carvão. Essa atividade, além de ser economicamente vital, carrega consigo uma profunda conexão cultural e ambiental.

A importância do babaçu

Imagem: Mariana Castro

O babaçu (Attalea speciosa) é uma das palmeiras mais versáteis do Brasil. Suas amêndoas são utilizadas para produzir óleo comestível e cosméticos, o mesocarpo é transformado em farinha para alimentação, e as folhas e cascas são usadas na produção de artesanato e bioenergia. No Maranhão, estado que concentra uma das maiores áreas de ocorrência do babaçu, essa palmeira é um símbolo de resistência e sustentabilidade.

As quebradeiras de coco babaçu são responsáveis por todo o processo de extração, desde a coleta dos cocos no campo até o beneficiamento dos produtos. Esse trabalho, predominantemente feminino, é realizado em condições muitas vezes precárias, exigindo esforço físico e conhecimento tradicional passado de geração em geração.

Desafios enfrentados pelas quebradeiras

Apesar de sua importância, as quebradeiras de coco babaçu enfrentam inúmeros desafios. Um dos principais é a perda de áreas de babaçuais, causada pelo avanço do desmatamento, da agropecuária e de grandes empreendimentos. Além disso, a falta de políticas públicas específicas e de infraestrutura adequada dificulta o acesso a mercados justos e a melhores condições de trabalho.

Outro desafio é a baixa valorização dos produtos do babaçu, que muitas vezes são comercializados a preços abaixo do justo. A extração manual do mesocarpo, por exemplo, é um processo lento e de baixa produtividade, o que limita a geração de renda das famílias. A falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados também expõe as trabalhadoras a riscos de saúde, como lesões e problemas respiratórios.

Organização e resistência

Diante desses desafios, as quebradeiras de coco babaçu têm se organizado em associações e cooperativas para fortalecer sua luta por direitos e melhores condições de trabalho. Um marco importante foi a criação do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), que reúne mulheres do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins. O movimento busca garantir o livre acesso aos babaçuais, promover a valorização dos produtos derivados do coco e defender os direitos das trabalhadoras.

Uma das principais conquistas do movimento foi a aprovação de leis que garantem o livre acesso aos babaçuais, conhecidas como “Leis do Babaçu Livre”. Essas leis proíbem a derrubada das palmeiras e garantem o direito das quebradeiras de coletar os cocos, mesmo em propriedades privadas. No entanto, a implementação dessas leis ainda enfrenta resistência em algumas regiões.

O papel das quebradeiras na preservação ambiental

Além de sua importância econômica e cultural, as quebradeiras de coco babaçu desempenham um papel fundamental na preservação ambiental. Ao manterem os babaçuais em pé e utilizarem os recursos da palmeira de forma sustentável, elas contribuem para a conservação da biodiversidade e a manutenção dos ecossistemas locais. Essa prática é um exemplo de como o conhecimento tradicional pode se aliar à sustentabilidade.

Oportunidade com a Maratona de Ideias do Babaçu

A maratona de Ideias do Babaçu representa uma oportunidade única para os jovens maranhenses contribuírem com soluções inovadoras que valorizem o trabalho das quebradeiras de coco, ao mesmo tempo em que promovem o desenvolvimento sustentável da região.

Redação Revista Amazônia

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