COP 30

Brasil defendeu descarbonização na COP30 com confiança renovada

Durante a intensa semana de debates sobre clima em Brasília, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, concedeu entrevista ao programa Bom Dia, Ministro e reforçou a narrativa que o Brasil pretendia levar à COP30: a de um país profundamente comprometido com a descarbonização e que se apresentaria ao mundo com “cabeça erguida”. Em suas palavras, o Brasil seria “o país que mais descarboniza no mundo” e a conferência climática que ocorreria em Belém (PA) não seria apenas a “COP da floresta”, mas sobretudo a “COP das energias limpas e renováveis”.

Silveira destacou que o país ostentava uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta, com cerca de 90 % de energia proveniente de fontes renováveis e limpas. Essa condição, em sua visão, transformaria o Brasil em porta-voz de credibilidade na COP30, exibindo ao mundo um projeto nacional pautado em sustentabilidade e inovação no setor energético.

Ele aproveitou para enumerar avanços concretos recentes no setor de biocombustíveis: o etanol, por exemplo, passou a compor 30 % da mistura da gasolina (antes era 27 %). No caso do biodiesel, o índice B10 foi ajustado para B15. Essas mudanças, segundo o ministro, foram viabilizadas pela “lei do combustível do futuro”, aprovada em aproximadamente um ano de tramitação, e geraram milhares de novos empregos.

Fonte: COP30 Brasil 2025

SAIBA MAIS: Ministro diz que Brasil não corre risco energético hoje

Na avaliação de Silveira, esses êxitos não nasceram apenas das potencialidades naturais do Brasil, mas também da robustez institucional, estabilidade política, jurídica e macroeconômica, que atrai investidores estrangeiros. Ele afirmou que empresas ao redor do mundo, especialmente aquelas preocupadas com compliance e sustentabilidade, exigem que seus centros de operação estejam alinhados a matrizes limpas e renováveis.

Durante a entrevista, também foram abordados os data centers, considerados estratégicos para a infraestrutura digital moderna. Segundo o ministro, o Brasil tinha potencial para se tornar um polo atraente dessa cadeia: já havia negociações para que empresas como o TikTok investissem em instalações no Ceará, com aporte estimado em R$ 50 bilhões. Ele contava com conversas em curso com investidores chineses e estadunidenses para trazer ainda mais capital ao país nesse segmento.

Outro ponto citado por Silveira foi a medida provisória aprovada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para instituir o Redata, regime especial de tributação para serviços de data center no Brasil. Segundo ele, esse regime prevê incentivos condicionados a contrapartidas em pesquisa e desenvolvimento, além de estimular o adensamento das cadeias digitais em regiões menos favorecidas (Norte, Nordeste e Centro-Oeste).

Silveira resumiu que a MP já havia sido encaminhada ao Congresso e que sua adoção representaria uma peça adicional no mosaico que reforçava a atratividade nacional frente a empresas globais, muitas das quais demandam que armazenamento de dados e processamento sejam sustentados por energia renovável.

Ao longo da entrevista, circulou ao fundo o contraste entre a visão ambiciosa do governo e os desafios práticos de um setor tecnológico global competitivo. Para Silveira, o momento era de mostrar que sustentabilidade, ética e competitividade não são opostos, mas integrados no projeto de desenvolvimento brasileiro.

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