O G20, que reúne as 19 economias mais fortes do mundo, junto com a União Europeia e a União Africana, anunciou recentemente um compromisso para triplicar a utilização de energias renováveis até 2030. O Brasil, com sua matriz energética majoritariamente renovável, desempenha um papel de destaque nessas discussões, principalmente com fontes como energia hidráulica, solar, eólica e a biomassa derivada da cana-de-açúcar — setor no qual o Estado de São Paulo se destaca como líder de produção no país.
Luiz Augusto Horta Nogueira, pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Unicamp e membro do comitê científico do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), destacou a importância de um uso consciente e eficiente da energia. “Muitas vezes, a questão é tratada como um problema de suprimento, quando a solução também passa por melhorar o uso, independentemente da fonte”, disse Nogueira, enfatizando a necessidade de considerar recursos renováveis e cogeração de energia.
Marcelo Pereira da Cunha, professor de economia da Unicamp, ressaltou os desafios e benefícios da transição dos combustíveis fósseis para fontes limpas. Ele lembrou que, no cenário global, dois terços das emissões de gases de efeito estufa vêm da queima de petróleo e carvão, o que torna a mudança inevitável. Embora a matriz de emissões do Brasil seja menos impactante, ainda é essencial buscar alternativas sustentáveis.
Um dos pontos levantados por Cunha foi o impacto socioeconômico dessa transição. A produção de biocombustíveis no Brasil, por exemplo, gera seis vezes mais empregos que a de combustíveis fósseis. Além disso, cerca de 45% da geração de riqueza na cadeia de bioenergia está diretamente ligada ao trabalho, ao contrário dos combustíveis fósseis, onde apenas 18% estão relacionados ao fator trabalho.
A cogeração de energia foi outro tópico de destaque no debate. Newton Duarte, presidente-executivo da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), explicou que esse processo, que envolve a geração simultânea de duas ou mais formas de energia a partir de uma única fonte, como a biomassa de cana-de-açúcar, pode ter um impacto significativo no Brasil. Atualmente, a cogeração representa cerca de 10% da geração de energia do país, e esse número pode crescer exponencialmente com a modernização das usinas.
Duarte citou que uma usina de processamento de cana-de-açúcar que hoje gera cerca de 6 megawatts de eletricidade poderia alcançar até 80 megawatts com a mesma quantidade de biomassa, caso fosse modernizada. Isso mostra o imenso potencial de crescimento do setor.
O tema dos veículos elétricos também foi abordado. Embora sejam amplamente promovidos como solução para as emissões de carbono, Duarte lembrou que eles dependem da eletricidade e, por isso, é preciso considerar a origem dessa energia. “Os carros híbridos a etanol e os movidos apenas a etanol têm um impacto ambiental significativamente menor”, afirmou ele, destacando a vantagem dessa tecnologia no Brasil.
Rodolfo Pinheiro da Silva, coordenador do Instituto Senai de Inovação em Sistemas Elétricos de Potência, ressaltou que o Brasil já está em uma posição privilegiada no que diz respeito à transição energética, com um alto percentual de energias renováveis em sua matriz. No entanto, ele destacou a importância de investir na eficiência do consumo energético. Segundo ele, a Agência Internacional de Energia (IEA) estima que a eficiência energética pode reduzir as emissões globais de CO2 em até 25% até 2040.
Silva também mencionou que o Brasil tem potencial para reduzir o consumo de energia em até 30%, dependendo do setor, se implementar medidas de eficiência. Ele alertou, no entanto, que cerca de 50% da redução das emissões necessárias até 2050 virão de tecnologias que ainda não estão disponíveis no mercado.
Por fim, o evento contou com a participação do deputado estadual Sebastião Santos, que coordena a Frente Parlamentar de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico, e de Agnes Sacilotto, diretora-presidente do ILP. Ambos reforçaram a necessidade de políticas públicas para incentivar a inovação tecnológica e o desenvolvimento de cidades inteligentes e sustentáveis no Brasil.
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