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Mineração da Vale contamina todas as crianças do Povo Xikrin

O Ministério Público Federal (MPF) ingressou com uma ação civil pública contra a mineradora Vale, a União e o governo do Pará devido à contaminação por metais pesados de comunidades indígenas na Terra Xikrin do Cateté, localizada no sudeste do estado.

Contaminação

Segundo o MPF, a contaminação está diretamente relacionada à operação da mina de níquel de Onça Puma, um empreendimento da Vale na região da Serra dos Carajás.

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Uma investigação conduzida pela Universidade Federal do Pará (UFPA) revelou um cenário alarmante. A partir da análise de 720 indígenas, que representam cerca de 40% da população do território, constatou-se que 98,5% dos examinados apresentam altos níveis de metais pesados no organismo. Entre as 121 crianças avaliadas, todas possuíam pelo menos um metal em concentração excessiva e nociva à saúde.

Relatório da UFPA

O relatório da UFPA destaca que a contaminação pode ocorrer desde a gestação e continuar durante a amamentação, colocando os bebês Xikrin em risco desde os primeiros meses de vida. A presença de metais pesados está associada a diversas doenças crônicas, malformações congênitass e ao agravamento das condições sanitárias nas aldeias.

Para o MPF, a responsabilidade da Vale é evidente com base na “assinatura química” do cobalto, um metal utilizado no processo de extração de níquel, que foi encontrado em altos níveis nos exames dos indígenas afetados. “Esse elemento é um marcador inequívoco da atividade mineradora de Onça Puma, comprovando o vínculo entre os danos ambientais e as práticas da mineradora”, destaca o MPF no processo.

Os Xikrin

Lideranças Xikrin reforçam a acusação contra a Vale. “O rio Cateté morreu. Antes, bebíamos água dali e pescávamos para nos alimentar. Hoje, não podemos mais confiar na água, nem nos peixes”, lamentou um líder indígena, sob anonimato, em entrevista à Repórter Brasil.

Fonte: Pinterest

Em resposta, a Vale negou que suas operações sejam a causa da contaminação por metais pesados na região. A empresa afirmou que realiza “monitoramento constante das condições da água nas áreas vizinhas a seus empreendimentos, garantindo a segurança das comunidades locais”. A mineradora também apontou que o garimpo ilegal, amplamente disseminado na região, pode ser outra fonte de poluição.

A contaminação das crianças Xikrin por metais pesados representa uma grave crise socioambiental e sanitária. A responsabilização dos envolvidos e a busca por medidas emergenciais de contenção e reparo aos danos seguem como desafios urgentes para as autoridades e instituições de defesa dos direitos indígenas.

Redação Revista Amazônia

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