Molécula produzida naturalmente no intestino pode combater a gripe

Molécula produzida no intestino pode ter efeito protetor contra gripe, indica estudo

Um avanço científico promissor pode mudar a forma como lidamos com a gripe. Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em colaboração com o Instituto Pasteur de Lille, na França, descobriram que uma molécula naturalmente produzida no intestino pode ter um efeito protetor contra o vírus da gripe.

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experimento com moléculas de vírus da gripeexperimento com moléculas de vírus da gripe
Experimentos com vírus da gripe

Chamada de ácido indol-3-propiônico (IPA), essa molécula mostrou resultados impressionantes em experimentos com camundongos. Durante a infecção pelo vírus influenza, os níveis de IPA no organismo dos animais diminuíram. No entanto, quando os pesquisadores suplementaram os camundongos infectados com uma versão sintética do IPA, observaram uma redução significativa na carga viral e na inflamação dos pulmões.

“Esses resultados são promissores e sugerem que o IPA poderá ser usado no futuro para prevenir ou tratar a infecção pelo vírus da gripe, que é responsável por grandes epidemias”, afirma Marco Vinolo, professor do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp.

O estudo, parte do projeto “Análise dos mecanismos moleculares envolvidos na interação de metabólitos da microbiota e células do hospedeiro durante a inflamação”, foi apoiado pela FAPESP e coordenado por Vinolo. Ele destaca a importância da colaboração internacional para o sucesso da pesquisa.

Os resultados foram obtidos através de uma abordagem multifacetada. Utilizando técnicas de metagenômica e metabolômica, os pesquisadores analisaram as alterações na microbiota intestinal, os metabólitos produzidos e os marcadores clínicos da doença. Essa análise integrada revelou o papel crucial do IPA na proteção contra a gripe.

Atuação do vírus da gripe na célula

Além de seu potencial no combate à gripe, estudos anteriores já haviam indicado os benefícios do IPA na melhoria de distúrbios metabólicos e na prevenção de diversas doenças, como diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares.

Devido ao seu impressionante potencial terapêutico, os pesquisadores depositaram uma patente na União Europeia para o uso do ácido indol-3-propiônico como suplemento no combate e na prevenção da gripe. Novas pesquisas estão em andamento para investigar o papel do IPA em outras infecções, incluindo a COVID-19.

Essa descoberta promissora representa um passo importante na busca por novas terapias contra doenças infecciosas e destaca o papel fundamental da microbiota intestinal na saúde humana. O artigo completo pode ser acessado em:  www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/19490976.2024.2325067.

Redação Revista Amazônia

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