Camila Donatti, diretora sênior de Adaptação às Mudanças Climáticas da ONG Conservação Internacional, destacou a grave falta de financiamento para a adaptação às mudanças climáticas, mencionando uma “lacuna financeira de bilhões de dólares” entre os recursos necessários e os disponibilizados atualmente.
À ONU News, ela expressou a expectativa de que a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP29) seja um marco para reduzir essa disparidade financeira, haja vista que uma segunda proposta para a Nova Meta Quantificada Global de Finanças (NCQG, na sigla em inglês) no valor de US$ 250 bilhões ao ano até 2035 foi levada à mesa de negociação da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), nesta sexta-feira (22), último dia de negociações climáticas em Baku, no Azerbaijão
A especialista alertou que, apesar do potencial significativo das soluções baseadas na natureza para mitigar os efeitos da crise climática, os investimentos nesses métodos ainda são limitados. Embora 90% dos planos climáticos nacionais, conhecidos como NDCs, incluam elementos relacionados à natureza, o financiamento destinado a essas iniciativas é inferior a 5% do total disponível. Camila destacou que soluções como a restauração de manguezais, essenciais para prevenir erosões e inundações costeiras, protegendo as comunidades locais, que ainda recebem uma parcela muito pequena dos recursos.
Camila também trouxe à tona o exemplo das recentes inundações no Rio Grande do Sul, no Brasil, como uma ilustração da importância de preservar a natureza dentro das áreas urbanas. Ela ressaltou que, embora as mudanças climáticas tenham contribuído para a severidade do evento, a falta de áreas verdes nas cidades e a desconsideração por práticas de preservação ambiental agravam o impacto. “Essas inundações poderiam ter sido menos devastadoras se houvesse maior investimento na preservação e criação de áreas verdes urbanas, além da proteção de encostas íngremes, que frequentemente são responsáveis por deslizamentos de terra no Brasil”, explicou.
Camila enfatizou que, além de reduzir os impactos imediatos de desastres climáticos, as áreas verdes e a proteção ambiental nas cidades contribuem para a construção de uma resiliência a longo prazo. Ela afirmou que a natureza, além de ser crucial para a adaptação às mudanças climáticas, desempenha um papel vital na mitigação das emissões de gases de efeito estufa, na preservação da biodiversidade e no sustento das comunidades locais.
A especialista destacou que frequentemente as soluções tradicionais, como a construção de grandes infraestruturas, são priorizadas em detrimento de abordagens mais sustentáveis e baseadas na natureza. Ela defendeu que é urgente mudar essa mentalidade, reconhecendo a natureza como uma aliada essencial que precisa ser preservada e restaurada, em vez de ser tratada como um recurso a ser substituído por soluções artificiais.
A COP-30 posiciona o Brasil como catalisador das discussões sobre questões ambientais globais e regionais, como a redução de gases de efeito estufa, adaptação às mudanças climáticas e financiamento para países em desenvolvimento. O investimento, estimado em R$ 4,7 bilhões, vem de recursos do Orçamento Geral da União, do BNDES e de Itaipu, e será destinado a uma série de obras para atender à demanda crescente por transporte, alojamento e espaços adequados para a realização da Cúpula.
Camila também ressaltou a importância de monitorar e implementar essas soluções de forma eficaz, para garantir sua credibilidade e apoiar a confiança dos tomadores de decisão em nível global.
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