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A polêmica da nova VP de RH da Vale . Meritocracia ou Retrocesso?

 A recente nomeação de Catia Porto para a vice-presidência executiva de pessoas da Vale gerou uma intensa discussão sobre os rumos da política de diversidade e inclusão na mineradora. Em uma série de postagens nas redes sociais, Porto contrapôs a cultura “woke” à meritocracia, defendendo que a “excelência” deve guiar as políticas de recursos humanos. Seu posicionamento levantou dúvidas sobre um possível retrocesso nas iniciativas de diversidade da companhia.

A Vale prontamente negou qualquer mudança em suas diretrizes, reforçando seu compromisso com a inclusão e com metas ambiciosas, como a de garantir 40% de pessoas negras em cargos de liderança até 2026. No entanto, as declarações da nova VP contrastam com esse discurso, gerando apreensão entre os funcionários e especialistas da área.

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A Cultura Woke e o MEI

Nas postagens, Porto destacou o que chamou de um novo movimento: “MEI – Mérito, Excelência e Inteligência”, contrapondo-o ao conceito de “DEI – Diversidade, Equidade e Inclusão”. Para ela, empresas que priorizam apenas a diversidade podem estar deixando de lado a performance. Esse discurso ecoa narrativas da extrema-direita internacional, que criticam a inclusão como um obstáculo ao mérito e à competência.

O termo “woke”, originalmente um chamado ao despertar contra injustiças sociais, foi ressignificado de forma pejorativa por setores conservadores. Empresas como a Disney e a Bud Light já enfrentaram pressões por iniciativas de diversidade, e, nos EUA, Donald Trump já assinou decretos para eliminar programas DEI do serviço público.

Mérito x Inclusão: Um Falso Dilema?

As críticas aos programas de diversidade, como as levantadas por Porto, partem da suposição de que a inclusão é incompatível com a busca pela excelência. No entanto, diversos estudos apontam que empresas mais diversas apresentam melhor desempenho financeiro e maior inovação. A própria Vale, ao se comprometer com metas de diversidade, reconheceu a importância da pluralidade para seu sucesso.

A meritocracia, por sua vez, só pode ser aplicada de forma justa em um cenário onde todos têm as mesmas oportunidades desde o início. No Brasil, onde o racismo estrutural e as desigualdades de gênero ainda são evidentes, ignorar essas barreiras é perpetuar um sistema excludente.

O Futuro da Diversidade na Vale

Embora a mineradora afirme que suas políticas continuarão as mesmas, a postura de Porto pode sinalizar um endurecimento nos critérios de inclusão. Funcionários relatam preocupação com um possível desmonte das ações implementadas desde 2019, o que poderia comprometer avanços conquistados nos últimos anos.

A diversidade e a excelência não são mutuamente excludentes. Pelo contrário, elas se complementam. Empresas que buscam alto desempenho não devem abrir mão de times diversos, mas sim valorizar o mérito dentro de um contexto de oportunidades equitativas. O desafio da Vale agora é provar que suas metas são mais do que discursos vazios e que a nova gestão não representa um retrocesso para a inclusão no ambiente corporativo brasileiro.

Redação Revista Amazônia

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