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Novo Método Revoluciona Extração de Antioxidantes e Corantes da Casca de Jabuticaba

Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade de Cádiz (UCA), na Espanha, desenvolveram um método inovador para extrair compostos químicos valiosos das cascas de jabuticaba (Plinia cauliflora). A técnica, que simplifica e melhora a eficiência do processo, foi descrita em um artigo publicado no Journal of Food Composition and Analysis.

O objetivo dos cientistas foi otimizar a extração de antocianina, um potente antioxidante presente em frutas como morango, amora, framboesa e jabuticaba. Além de suas propriedades anti-inflamatórias, a antocianina é um corante natural responsável pelas cores vermelha, azul e violeta dessas frutas.

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O estudo focou na extração e purificação simultâneas de antocianinas da casca de jabuticaba, um resíduo lignocelulósico. “Ajustamos meticulosamente os parâmetros de extração para obter os melhores resultados”, explicou Tânia Forster-Carneiro, professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp desde 2013, especializada em bioengenharia e biotecnologia.

Após otimizar as condições de extração, o estudo introduziu uma etapa de purificação utilizando um material desenvolvido a partir do próprio resíduo da jabuticaba, conhecido como biossorvente. Este material funciona como uma esponja seletiva, absorvendo substâncias específicas de uma mistura e deixando outras passarem.

“Os biossorventes são comumente usados em processos de purificação para remover poluentes ou substâncias indesejadas de líquidos ou gases. Basicamente, funcionam como filtros que separam o que desejamos do que não desejamos em uma mistura”, explicou Forster-Carneiro, que possui doutorado em engenharia de processos industriais pela UCA. As condições otimizadas para extração de antocianinas foram 40 minutos de maceração, 60°C e 50% de metanol (MeOH).

O biossorvente desenvolvido a partir do subproduto da jabuticaba demonstrou uma eficiência de purificação superior a 90%, superando o desempenho do adsorvente comercial PoraPak™ Rxn. O método alcançou uma classificação “EcoScale” de 86, um valor notável.

A EcoScale é uma métrica semiquantitativa que avalia as condições de reação química em laboratório, variando de 0 a 100. Zero representa uma reação totalmente falha e 100 a reação ideal, com 100% de rendimento, temperatura ambiente, risco mínimo para o operador e impacto ambiental reduzido.

No artigo, os pesquisadores comparam o novo método de extração de antocianinas com nove outros processos descritos em literatura científica, onde a EcoScale varia de 33,95 a 73,6 (média de 51,79).

“Embora ainda haja pesquisas necessárias para adaptar este método em larga escala, representa um avanço significativo na área”, disse Forster-Carneiro, que coordena um projeto apoiado pela FAPESP na Unicamp.

O artigo, também assinado por Tiago Linhares Cruz Tabosa Barroso, Luiz Eduardo Nochi Castro, Leonardo M. de Souza Mesquita e pelos professores Mauricio Ariel Rostagno e Forster-Carneiro, contou com a colaboração dos professores Gerardo Fernández Barbero e Ceferino Carrera, da UCA, que supervisionaram Barroso durante seu estágio de pesquisa financiado pela FAPESP.

A pesquisa recebeu apoio da Fundação (2020/16248-5, 2021/04096-9, 2018/14582-5 e 2018/14938-4).

O artigo “Simple procedure for the simultaneous extraction and purification of anthocyanins using a jabuticaba byproduct biosorbent” pode ser acessado aqui.

Redação Revista Amazônia

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