Economia

O Futuro Colaborativo já é Realidade nos negócios bem sucedidos

 

Há duas décadas, um renomado professor de Berkeley codificou e consolidou em livro uma prática que até então era pouco estruturada. No ano de 2003, o livro “Inovação Aberta: O novo imperativo para Criar e Lucrar com Tecnologia” elevou o professor Henry Chesbrough ao estrelato do setor. A partir dessa obra, iniciou-se o estudo sistemático do processo em que as organizações utilizam ideias e recursos que não controlam diretamente, mas que servem como impulsionadores de sua própria jornada de inovação.

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Com o passar do tempo e devido à sua relevância e abrangência, a Inovação Aberta evoluiu de prática para estratégia, integrando-se à cultura de várias empresas bem-sucedidas, como Natura, Comgás, Petrobras e Embrapa, para citar algumas que estão em nosso território.

Um dos princípios fundamentais da inovação aberta é a percepção correta de que nem todas as mentes mais brilhantes do mundo trabalham para você, mesmo que você seja a Apple (estima-se que existam mais de 2 milhões de aplicativos e jogos na App Store – quantos desses desenvolvedores, caro leitor, caríssima leitora, você acredita que trabalham na Apple?)

A construção do que é verdadeiramente novo não pode se basear apenas em recursos e ideias internas – esse é um conceito cada vez menos contestado. No entanto, a jornada é tudo, menos fácil.

Duas décadas de pesquisa acadêmica indicam que os maiores obstáculos para a estruturação bem-sucedida da inovação aberta são internos, e não externos, à organização. Preocupações com a confidencialidade e a propriedade intelectual são as mais comuns e lançam uma sombra de dúvida sobre as empresas que hesitam em abrir seu processo de inovação. Como disse o poeta António Barahona: “É perigoso atravessar; é perigoso ficar no meio; é perigoso ter medo; é perigoso parar”.

O medo é útil, muito útil, mas se torna um problema quando nos paralisa… Existem muitas maneiras de superar os obstáculos à abertura do processo de inovação, a maioria deles cuidadosamente descritos na literatura ao longo desses últimos 20 anos.

Apesar das dificuldades de abrir o processo de inovação e algumas exceções de empresas verticalmente integradas, a abordagem “faça tudo você mesmo” tem se tornado cada vez mais insustentável.

A Netflix, por exemplo, criou uma narrativa interna favorável à inovação aberta, aproveitando sua admirada cultura organizacional de “liberdade e responsabilidade”. Ambos os valores são condutores que permitem a circulação da criatividade, dentro e fora da empresa. Em um desafio de inovação aberto ao público que se tornou famoso, a Netflix convidou a comunidade a aprimorar seu algoritmo de recomendação de filmes. O vencedor receberia US$ 1 milhão! Mais de 40 mil equipes de 186 países se inscreveram e, ao longo de três anos, foram propostas centenas de soluções. A equipe vencedora era composta por engenheiros, estatísticos e cientistas da computação da Áustria, Canadá, Israel e Estados Unidos.

Embora o processo deva ser cauteloso, as organizações podem gerar um valor considerável ao compartilhar ideias e conhecimentos de forma sinérgica. A obsessão pelo controle é coisa do século passado.

Redação Revista Amazônia

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