Meio Ambiente

O Impacto dos Biopesticidas na Sobrevivência das Vespas

Algumas vespas e abelhas possuem um mecanismo de defesa fascinante: elas são capazes de detectar, pelo cheiro, um companheiro de ninho que esteja doente e, para evitar a infecção de toda a colônia, podem impedir que esse indivíduo entre. Isso garante a sobrevivência da colônia e, no longo prazo, da espécie.

No entanto, um estudo recente publicado na revista Environmental Science and Pollution Research revelou uma ameaça invisível a esse mecanismo de defesa. O estudo mostra que as vespas da espécie Mischocyttarus metathoracicus, quando infectadas por um biopesticida à base do fungo Beauveria bassiana, não são reconhecidas como doentes pelos companheiros de ninho.

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O Estudo

O grupo de autores, liderado por pesquisadores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), realizou uma série de testes moleculares, de sobrevivência e comportamentais. Eles descobriram que o biopesticida não só mata as vespas, que são benéficas para as plantas por se alimentarem de pragas e fazerem polinização, mas também não é detectado pelos companheiros de ninho.

O Biopesticida

O biopesticida em questão contém esporos do fungo Beauveria bassiana, que infecta exclusivamente insetos, poupando mamíferos e outros animais. Isso o torna uma alternativa mais segura aos pesticidas sintéticos, que são tóxicos para uma ampla gama de organismos, incluindo mamíferos.

No entanto, o estudo descobriu que, embora o biopesticida cause uma mortandade menor num primeiro momento, demora 19 dias para matar. Durante esse tempo, a vespa infectada pode potencialmente transmitir o fungo para toda a colônia, prejudicando a espécie em longo prazo.

Implicações

Esses resultados têm implicações significativas para a gestão de pragas e a conservação da biodiversidade. Embora os biopesticidas sejam vistos como uma alternativa mais segura aos pesticidas sintéticos, é crucial entender completamente seus efeitos colaterais potenciais.

Este estudo destaca a necessidade de mais pesquisas para garantir que as estratégias de controle de pragas não prejudiquem inadvertidamente as espécies benéficas. Afinal, a saúde de nosso meio ambiente depende do equilíbrio delicado entre todas as suas espécies.

Redação Revista Amazônia

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