Fonte: Agência Senado
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência das Nações Unidas (ONU), divulgou nesta quarta-feira (19) que 2024 foi o ano mais quente já registrado desde o início das medições científicas, há 175 anos. Pela primeira vez, a temperatura média global superou 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900), marcando um novo patamar no aquecimento do planeta.
Apesar do recorde, o relatório preliminar da OMM estima que o aquecimento global de longo prazo esteja entre 1,34 °C e 1,41 °C em relação ao período pré-industrial. Celeste Saulo, secretária-geral da OMM, alertou que, embora um único ano acima de 1,5 °C não signifique que o limite estabelecido pelo Acordo de Paris tenha sido ultrapassado, ele serve como um sinal de alerta urgente. “Estamos aumentando os riscos para as nossas vidas, economias e para o planeta”, afirmou.
O aumento contínuo das emissões de gases de efeito estufa, combinado com a transição entre os fenômenos climáticos La Niña (resfriamento) e El Niño (aquecimento), foi apontado como o principal fator por trás das temperaturas recordes registradas em 2023 e 2024. O relatório também destacou que a concentração atmosférica de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso atingiu níveis sem precedentes nos últimos 800 mil anos.
“O dióxido de carbono permanece na atmosfera por gerações, retendo calor e contribuindo para o aquecimento global”, explicou o estudo. Além disso, cerca de 90% da energia retida pelos gases de efeito estufa é armazenada nos oceanos, que em 2024 registraram a taxa de aquecimento mais alta dos últimos 65 anos. O nível do mar também subiu em ritmo acelerado, com uma taxa de aumento duas vezes maior entre 2015 e 2024 em comparação com o período de 1993 a 2002.
Os últimos três anos foram marcados por recordes negativos no derretimento de geleiras e na extensão do gelo marinho. A Antártica registrou as menores extensões de gelo da história, enquanto no Ártico as 18 menores coberturas de gelo ocorreram nos últimos 18 anos. Essas mudanças têm impactos diretos no clima global e no aumento do nível do mar.
Os fenômenos meteorológicos extremos de 2024, somados a conflitos e ao aumento dos preços dos alimentos, agravaram as crises alimentares em 18 países, segundo o relatório. A combinação desses fatores tem pressionado ainda mais as populações vulneráveis, exacerbando a insegurança alimentar em várias regiões do mundo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou que o relatório é um alerta urgente, mas também uma mensagem de esperança. “Ainda é possível limitar o aumento da temperatura global a longo prazo. Os líderes precisam agir agora, aproveitando os benefícios das energias renováveis, que são limpas e acessíveis, para proteger suas populações e economias”, afirmou. Ele ressaltou a importância dos novos planos nacionais para o clima, que devem ser apresentados ainda este ano, como parte dos esforços globais para combater as mudanças climáticas.
O relatório da OMM foi elaborado com base em contribuições de serviços meteorológicos e hidrológicos nacionais, centros climáticos regionais e parceiros da ONU, contando com a expertise de dezenas de especialistas. Os dados reforçam a necessidade urgente de ações concretas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os impactos das mudanças climáticas, que já estão afetando milhões de pessoas em todo o mundo.
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