A chaminé de queima da LNG Canada queima em sua unidade de exportação de GNL (gás natural liquefeito de petróleo) na costa do Pacífico canadense em Kitimat, Colúmbia Britânica, Canadá, em 19 de agosto de 2025. REUTERS/Jesse Winter/Direitos de licenciamento de compra de foto de arquivo
Às vésperas da COP30 em Belém, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) emitiu um alerta: o mundo está reagindo de forma muito lenta ao desafio de reduzir as emissões de metano, um dos gases de efeito estufa mais potentes e de impacto rápido sobre o aquecimento global.
O novo relatório do Observatório Internacional de Emissões de Metano (IMEO), iniciativa do PNUMA que utiliza dados de mais de 17 satélites para rastrear vazamentos, revelou que apenas 12% dos alertas emitidos a governos e empresas de petróleo e gás tiveram resposta. Em outras palavras, quase 90% das emissões detectadas por satélite continuam sendo ignoradas — mesmo com compromissos globais assumidos para conter o problema.
Desde 2021, mais de 150 países aderiram ao Compromisso Global do Metano, iniciativa que visa reduzir as emissões em 30% até 2030. No entanto, as ações concretas permanecem aquém do necessário. Segundo a diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen, “os esforços seguem lentos demais. Estamos falando de medidas relativamente simples que poderiam trazer ganhos rápidos”.
Embora o dióxido de carbono ainda seja o principal responsável pelas emissões globais, o metano — um gás invisível e altamente inflamável — tem um poder de aquecimento 80 vezes maior no curto prazo. Por permanecer menos tempo na atmosfera, a redução das emissões de metano é considerada a forma mais imediata de desacelerar o ritmo da crise climática.
O IMEO monitora vazamentos provenientes, principalmente, do setor de petróleo e gás — atividades de ventilação e queima de gás (flaring) —, mas também mapeia fontes emergentes na mineração de carvão, no manejo de resíduos e na agropecuária.
Giulia Ferrini, chefe do observatório, afirmou que a missão agora é ampliar o rastreamento para outros grandes emissores, como a produção de carvão metalúrgico, o tratamento de lixo urbano e as práticas agrícolas intensivas.
SAIBA MAIS: Metano à solta: o despertar invisível das profundezas oceânicas
O relatório mostra um quadro preocupante: de 3.500 alertas enviados a governos e empresas desde o início do monitoramento, apenas 25 casos resultaram em ações concretas que interromperam grandes vazamentos. Embora isso represente uma melhora em relação ao ano anterior — quando só 1% das notificações levou a alguma resposta —, o progresso ainda é considerado insuficiente.
A falta de transparência é outro obstáculo. Muitas companhias sequer reconhecem as notificações recebidas, retardando intervenções que poderiam evitar emissões equivalentes às de países inteiros.
Recentemente, um grupo de investidores representando 4,5 trilhões de euros em ativos apelou à União Europeia para que não enfraqueça sua legislação sobre emissões de metano, em meio à pressão para facilitar importações de gás natural liquefeito (GNL) dos Estados Unidos. Para os signatários, qualquer retrocesso nas regras comprometeria as metas de descarbonização e ampliaria o impacto do comércio de combustíveis fósseis.
À medida que líderes mundiais se preparam para a COP30, o relatório do IMEO soa como um lembrete urgente: controlar o metano é uma das medidas mais rápidas e baratas para reduzir o aquecimento global. A detecção via satélite, combinada a protocolos de resposta imediata, pode cortar milhões de toneladas de emissões por ano — desde que os governos e empresas ajam.
Para Andersen, a mensagem é clara: “o metano é o inimigo invisível da estabilidade climática. Sabemos onde estão os vazamentos e como resolvê-los. O que falta é vontade política e coordenação global.”
A COP30, que será sediada em Belém, deve colocar o tema entre as prioridades da agenda, especialmente no contexto de uma transição energética justa e do fortalecimento das ações climáticas até 2030.
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