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Mineração ilegal de ouro impulsiona crime organizado e ameaça a Amazônia, aponta ONU

A alta demanda global por ouro está alimentando uma cadeia cada vez mais perigosa de crimes e degradação ambiental, segundo um novo relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc). O estudo mostra que a mineração ilegal do ouro, em especial na América Latina, representa um dos motores de corrupção, violência e destruição ambiental na região.

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Fonte: Observatório da Mineração

O documento destaca que práticas ilegais como o uso de mercúrio e o desmatamento, seguem sendo amplamente empregadas para extrair o minério de forma rápida e lucrativa. O resultado: ecossistemas devastados, perda de biodiversidade e sérios riscos à saúde pública.

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Ouro atrai facções e traficantes

A atratividade econômica do ouro tem levado organizações criminosas a se infiltrar nas cadeias de suprimento. Facções envolvidas com o tráfico de drogas migraram para a mineração ilegal, utilizando as mesmas rotas e estruturas logísticas para escoar o ouro extraído de forma ilícita.

Na Bacia do Rio Tapajós, no estado do Pará, estudos revelam que cerca de dois terços da produção de ouro são ilegais. A região é um epicentro da mineração clandestina na Amazônia brasileira, e as operações ilícitas têm sido acompanhadas por esquemas complexos de lavagem de dinheiro. A Polícia Federal investiga o uso do ouro como instrumento para legalizar recursos oriundos do narcotráfico.

Povos indígenas e ecossistemas sob ameaça

O relatório também evidencia os danos diretos aos povos indígenas. Além da poluição dos rios e solos, incêndios florestais, potencialmente ligados à atividade garimpeira, têm gerado fumaça tóxica que atinge comunidades inteiras. Esses impactos ampliam a vulnerabilidade dos povos tradicionais e aceleram o processo de degradação da floresta.

Desde 2013, houve um crescimento de 625% das áreas de mineração ilegal em terras indígenas nos países amazônicos: Brasil, Colômbia, Venezuela, Equador, Peru e Bolívia. Esse avanço descontrolado compromete os esforços de conservação ambiental e os direitos humanos dos povos originários.

Trabalho forçado e exploração sexual nos garimpos

Baseado em mais de 800 entrevistas realizadas no início de 2023, o Unodc revelou que 40% dos trabalhadores em garimpos ilegais são potenciais vítimas de tráfico humano para trabalho forçado. Quase metade relatou recrutamento fraudulento, jornadas exaustivas de mais de 12 horas diárias e condições laborais precárias.

Problemas de saúde mental e física são alarmantes: 71% sofrem de ansiedade ou depressão, e 44% já sofreram acidentes graves. Além disso, os locais de garimpo registram alto índice de violência de gênero, tráfico de mulheres e meninas para exploração sexual e um aumento significativo nas mortes violentas.

ONU pede resposta global coordenada

Angela Me, chefe de Pesquisa e Análise do Unodc, defende uma resposta internacional mais estruturada e eficaz contra a exploração criminosa da mineração. Segundo ela, a harmonização das legislações e o investimento em dados confiáveis são passos essenciais para frear a espiral de violência, corrupção e destruição provocada pelo ouro ilegal.

Redação Revista Amazônia

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