Helder Barbalho - Agencia Pará
Submerso nas águas do Rio Tocantins, um obstáculo de rocha milenar conhecido como Pedral do Lourenço é o epicentro de uma disputa que pode redefinir o futuro da logística e do desenvolvimento na Amazônia. Para o governo, dinamitar essa barreira natural não é apenas uma obra de engenharia, mas a liberação de uma artéria econômica vital para o Brasil. Em uma ofensiva política direcionada ao governo federal, o estado defende o projeto como um passo estratégico e inadiável rumo a um desenvolvimento mais sustentável.
A visão apresentada pelo governador Helder Barbalho é a de um rio transformado em um corredor de eficiência. Com o derrocamento do pedral, a Hidrovia Tocantins – Araguaia se tornaria plenamente navegável no trecho crucial entre Marabá e o porto de Barcarena. A promessa é monumental: injetar entre 20 e 60 milhões de toneladas de carga por ano na via fluvial, retirando das estradas o peso e o risco de até 500 mil viagens de caminhão.
Em sua argumentação, o governo paraense enquadra o projeto não como um avanço bruto sobre a natureza, mas como uma escolha inteligente e ecológica. A lógica é que o transporte hidroviário é até 20 vezes menos poluente que o rodoviário e pode baratear em até 30% os custos de escoamento da produção – um alívio para o agronegócio e a mineração, que ganham competitividade no cenário global.
Com uma licença ambiental já concedida pelo Ibama, o estado agora pressiona Brasília para garantir a execução, blindando a obra contra propostas de criação de uma nova área de proteção ambiental na região, o que inviabilizaria o empreendimento. “O Pará acredita que é possível conciliar preservação ambiental com desenvolvimento econômico”, declarou o governador Helder Barbalho, posicionando a hidrovia como a materialização desse equilíbrio. “Precisamos garantir segurança jurídica para que o Pará e o Brasil avancem.”
O embate, portanto, se desenha entre duas visões de futuro. De um lado, a de um rio que serve como uma “superestrada” fluvial, otimizando a economia com uma pegada de carbono menor que a alternativa rodoviária. Do outro, a de um ecossistema que deve ser protegido de intervenções de grande porte. A decisão sobre o destino do Pedral do Lourenço não será apenas sobre rochas e navios; será um veredito sobre qual modelo de progresso o Brasil escolherá para o coração da sua maior floresta.
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