A transição energética global está prestes a impactar fortemente o setor de petróleo, expondo investidores a perdas de até US$ 2,3 trilhões nas próximas décadas. Segundo um estudo das instituições britânicas Transition Risk Exeter (TREX) e UK Sustainable Investment and Finance Association (UKSIF), divulgado recentemente, a produção de petróleo continua a crescer, enquanto a demanda projetada para o futuro entra em declínio, criando um desequilíbrio financeiro de grandes proporções.
O estudo destaca que essa crise não afetará apenas as grandes petroleiras. Governos, fundos de investimento e investidores individuais também estão expostos a esses ativos de alto risco. Estados Unidos, Reino Unido, China e Rússia lideram a lista dos mais vulneráveis, com o Brasil ocupando a sétima posição.
No Brasil, o governo federal e a Petrobras são os principais agentes financeiros que podem ser impactados. Com a exploração da Margem Equatorial, o país busca se consolidar como um dos maiores produtores de petróleo do mundo. No entanto, essa aposta pode se tornar um problema se o mercado global reduzir significativamente a dependência dos combustíveis fósseis.
No Reino Unido, o cenário é ainda mais crítico, pois muitos fundos de pensão privados estão altamente expostos ao setor petrolífero. Nos Estados Unidos, são os fundos de investimento que enfrentam os maiores riscos, devido à forte presença de empresas como ExxonMobil, Chevron e ConocoPhillips em suas carteiras.
O relatório destaca um paradoxo: mesmo com a necessidade urgente da transição energética, o valor do barril de petróleo segue elevado desde o início da guerra na Ucrânia, estimulando novas explorações. Empresas como BP e Shell abandonaram ou reduziram seus compromissos de transição para energias limpas, reinvestindo em combustíveis fósseis.
A organização Global Witness revelou que, entre 2022 e 2024, as cinco maiores petroleiras globais tiveram um lucro conjunto de mais de US$ 380 bilhões, distribuindo recordes de dividendos aos acionistas. Segundo a organização alemã Urgewald, 96% das petroleiras continuam explorando novas reservas de petróleo e gás, espalhadas em 129 países. O projeto Willow, no Alasca, é um dos exemplos mais polêmicos: suas reservas de 600 milhões de barris poderiam manter a produção de petróleo até o final do século.
A pesquisa cruzou os investimentos atuais no setor com três cenários distintos de demanda de petróleo projetados pela Agência Internacional de Energia (AIE). Mesmo no cenário intermediário, onde o aquecimento global atinge 1,7°C até 2050, a perda financeira gira em torno de US$ 2,3 trilhões. Caso o mundo consiga limitar o aumento da temperatura a 1,5°C, em conformidade com o Acordo de Paris, o impacto econômico pode ser ainda maior, chegando a US$ 5,4 trilhões.
O estudo reforça que a insistência em combustíveis fósseis representa um risco não apenas para investidores, mas para a economia global. O Fórum Econômico Mundial estima que cada aumento de 1°C na temperatura do planeta pode gerar uma perda de 12% no PIB global.
De acordo com o centro de pesquisas InfluenceMap, 36 empresas foram responsáveis por mais da metade das emissões de carbono globais em 2023, produzindo um volume superior a 20 bilhões de toneladas de CO2. Isso reforça que a produção de combustíveis fósseis é a principal vilã de aquecimento global.
Apesar disso, bancos e fundos de investimento continuam financiando esse setor. O estudo “Banking on Climate Chaos” aponta que os 60 maiores bancos do mundo destinaram US$ 6,9 trilhões à indústria de petróleo e gás entre 2016 e 2023. Os maiores financiadores foram JP Morgan, Mizuho e Bank of America.
A exploração de petróleo no Brasil tem sido uma prioridade no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que justifica a expansão como um meio de gerar renda e financiar a transição energética do país.
A Petrobras tem planos ambiciosos para novas explorações na Margem Equatorial, abrangendo o litoral entre o Amapá e o Rio Grande do Norte. No entanto, estudos ambientais alertam que a bacia Foz do Amazonas é altamente sensível, com riscos ambientais significativos. Em 2023, o Ibama negou uma licença para exploração na região, decisão que a Petrobras recorreu e aguarda julgamento.
O governo federal também pressiona pela autorização, com o presidente Lula classificando o processo de licenciamento do Ibama como “lenga-lenga”. Com a exploração crescente do pré-sal, o Brasil se tornou o oitavo maior produtor de petróleo do mundo, atingindo uma produção de 3,4 milhões de barris por dia em 2023. Os royalties do setor somaram R$ 100 bilhões, representando um recorde histórico.
Para minimizar riscos financeiros e ambientais, o estudo recomenda que investidores diversifiquem seus portfólios, aumentando participações em energias renováveis. O mercado de energia limpa tem apresentado crescimento expressivo, e tecnologias como hidrogênio verde, eólica e solar são vistas como soluções estratégicas.
Na esfera regulatória, instituições financeiras devem divulgar planos claros de descarbonização, seguindo padrões como o Transition Plan Taskforce da IFRS Foundation. O objetivo é garantir maior transparência sobre como esses investimentos estão alinhados com um futuro de baixo carbono.
O desafio é complexo: equilibrar desenvolvimento econômico e sustentabilidade, sem comprometer as metas climáticas globais. O que está em jogo não é apenas a estabilidade financeira do setor petrolífero, mas o futuro do planeta.
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