Reuters/Marx Vasconcelos/proibida reprodução
O governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas) abre uma janela para a sociedade mostrar o que pulsa no âmbito das transformações climáticas: foi lançado nesta quarta-feira (8) o edital para seleção de eventos que integrarão o Pavilhão Pará, espaço institucional previsto para funcionar na Zona Verde (Green Zone) durante a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será realizada em Belém entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025.
As inscrições são gratuitas, voluntárias e seguem até o dia 19 de outubro, sempre até às 23h59 (horário de Belém).
A iniciativa pretende tornar o Pavilhão Pará uma vitrine nacional e internacional das ideias, projetos e protagonismos da sociedade paraense na agenda climática. Conforme enfatizado pelo secretário Raul Protázio Romão, a expectativa é que o espaço traduza “o que há de mais inovador e transformador em políticas públicas e práticas de sustentabilidade”, possibilitando à plural diversidade paraense ocupar um palco global. O ponto central é fazer convergir ciência, pesquisa, floresta viva e inclusão social como capítulos de uma narrativa possível de conciliação entre desenvolvimento e sustentabilidade.
Durante a COP30, o Pavilhão Pará funcionará como ponto de encontro com painéis, reuniões bilaterais, exposições, lançamentos institucionais e trocas de experiência. O objetivo é conectar atores locais, governos estaduais e municipais, setor privado, academia, organizações da sociedade civil, povos indígenas, comunidades tradicionais e juventudes com diálogos globais sobre mitigação, adaptação, financiamento climático e demais frentes da agenda climática.
Podem concorrer propostas nas modalidades:
Painéis Temáticos: debates com até quatro convidados e um moderador;
Apresentações Técnicas: para relatar políticas, projetos ou experiências específicas;
Reuniões Colaborativas: encontros institucionais, lançamentos e redes de cooperação.
Cada proposta deve ter duração máxima de 50 minutos. No ato da inscrição, a instituição proponente precisa apresentar: título da proposta, tema, objetivos, segmento representado, nome do coordenador, painelistas, currículo resumido do coordenador, e dados de contato (e-mail, telefone, endereço). Também será exigida uma declaração assinada pelo dirigente da instituição, atestando veracidade das informações.
A seleção é feita por um Comitê Técnico estadual, com critérios como pertinência temática à agenda da COP, densidade de ação climática concreta, pluralidade dos atores envolvidos, participação internacional e capacidade de mobilização. O resultado deverá ser divulgado em 24 de outubro, no site da Semas. Em caso de dúvidas, o e-mail disponibilizado para contato é greenzonecop30@citsemas.pa.gov.br.
Ao criar esse edital, o Pará aposta em protagonizar não apenas como local de realização da COP30, mas como instância ativa de produção de conhecimento e políticas climáticas regionais. Em vez de apenas receber o evento, o Estado busca ser elo entre o local e o global.
Porém, participar de uma COP como a de Belém também impõe desafios: garantir que os espaços não fiquem restritos a agentes já consolidados ou a discursos institucionais padronizados, mas abrirem-se para vozes emergentes e marginais. O edital sinaliza essa preocupação ao exigir pluralidade e mobilização — mas a eficácia dependerá da própria seleção e da execução.
Além disso, desterrar a ideia de que o Estado será mero palco exige estratégias de visibilidade e interlocução: os eventos aprovados no Pavilhão Pará podem alavancar redes de cooperação nacionais e internacionais. É uma aposta de que uma “COP amazônica” corra em suas próprias forças — com o Pará como narrador e interlocutor, não apenas palco.
Já no panorama mais amplo, o Pavilhão Pará soma-se às demais instâncias temáticas da COP30, como o Pavilhão Brasil (coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima) e outras articulações internacionais, como o Ocean Pavilion, que virá com força para discutir a interface entre mar, clima e biodiversidade no evento.
Passada a COP30, o Pavilhão Pará pode gerar um arquivo vivo: registros de debates, documentos de políticas públicas, redes materializadas e até protocolos de cooperação que superem o evento. Para isso, é fundamental que as propostas selecionadas apostem em continuidade, articulação pós-conferência e integração com agendas estaduais, nacionais e internacionais.
No plano simbólico, o edital reforça que ser sede de uma COP não é simplesmente organizar protocolos e montagens é também produzir protagonismo, empoderar vozes locais e situar a Amazônia no centro da narrativa ambiental global. Se bem aproveitado, o Pavilhão Pará poderá ser mais do que espaço de exposição: será palco para fazer a Amazônia falar em sua própria voz conectando saberes locais, ciência, resistência e inovação climática.
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