Imagem: Divulgação/Ibama
A luta contra o desmatamento na Amazônia ganhou um novo aliado com a publicação de um estudo na renomada revista Nature Sustainability. A pesquisa, financiada pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), propõe um método eficiente para identificar e combater a extração ilegal de madeira no Brasil, utilizando dados já disponíveis nos sistemas de controle governamentais.
O estudo foi liderado por Luis Gustavo Nonato, professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP) e membro do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI). Ele explica que a base da pesquisa está na análise da rede de comércio madeireiro no país. “Ao integrar dados de três sistemas de controle, conseguimos criar redes de comércio que revelam padrões suspeitos e ajudam a identificar empresas ou grupos que operam fora da legalidade”, afirma Nonato.
O método proposto pelos pesquisadores utiliza informações dos sistemas de controle que registram toda a movimentação de produtos madeireiros, desde as toras brutas até a madeira processada. Esses dados permitem a criação de uma rede detalhada do comércio de madeira, facilitando a identificação de cadeias de suprimentos que não estão conectadas a florestas licenciadas. “Isso sugere que material ilegal está sendo inserido no mercado”, explica Nonato.
Além de combater a extração ilegal, a abordagem também aumenta a transparência e a confiança dos consumidores em relação à origem da madeira. “Ao rastrear as cadeias de suprimentos, podemos garantir que os produtos adquiridos são legais e sustentáveis, o que é fundamental para atrair investimentos e fortalecer o setor madeireiro na Amazônia”, destaca o pesquisador.
A implementação de sistemas de rastreamento mais eficientes pode reduzir significativamente as fraudes no setor madeireiro. Além de contribuir para a preservação da biodiversidade e a redução do desmatamento ilegal, o método também beneficia as comunidades locais. “A extração e o comércio ilegal geram conflitos sociais e prejudicam principalmente as populações mais vulneráveis. Com um sistema mais transparente, podemos melhorar as condições de trabalho e promover o desenvolvimento sustentável”, ressalta Nonato.
Outro ponto destacado pelo estudo é a adaptabilidade do modelo. A metodologia pode ser aplicada em outros contextos, como a análise de redes comerciais e cadeias de suprimentos em diferentes setores, abrindo caminho para novas pesquisas e soluções inovadoras.
Um dos principais desafios enfrentados pelos pesquisadores foi a integração de dados provenientes dos três sistemas de controle utilizados no Brasil. “Essa integração foi essencial para criar uma visão completa da rede de comércio madeireiro e identificar pontos críticos onde a ilegalidade ocorre”, explica Nonato.
Apesar dos avanços, o pesquisador enfatiza que a colaboração entre governo, setor privado e academia é fundamental para o sucesso da iniciativa. “Precisamos de políticas públicas que incentivem a adoção de sistemas de rastreamento e garantam a aplicação das regulamentações existentes”, afirma.
O estudo, intitulado “Assessing timber trade networks and supply chains in Brazil”, representa um passo importante na luta contra o desmatamento ilegal e na promoção de práticas sustentáveis no setor madeireiro. Ao combinar análise de dados, modelagem matemática e tecnologia, os pesquisadores oferecem uma ferramenta poderosa para proteger a Amazônia e garantir que a madeira brasileira seja um produto confiável e competitivo no mercado global.
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