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Publicações sobre o Patrimônio Cultural de Roraima ganham versões em línguas indígenas e jogos interativos

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) lançou três publicações digitais inéditas que destacam o Patrimônio Cultural protegido no estado de Roraima. Os materiais, disponíveis gratuitamente para download no portal do Iphan, na seção dedicada à Superintendência de Roraima, sob o tema “Educação Patrimonial”, têm como objetivo disseminar informações sobre a história, memória e identidade cultural do estado, promovendo o conhecimento e a valorização desses bens.

Publicação

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Fonte: Agência Gov | via Iphan

A primeira publicação, intitulada “Patrimônio Cultural Acautelado: Roraima em Foco”, oferece um panorama detalhado dos patrimônios culturais protegidos no estado, incluindo tanto bens imateriais, como expressões culturais e tradições, quanto materiais, como edificações históricas e sítios arqueológicos. Além disso, o material esclarece dúvidas frequentes sobre os processos de proteção, as frentes de atuação do Iphan e as legislações aplicáveis. Para ampliar o alcance, a publicação está disponível em português e em três línguas indígenas: Macuxi, Wapichana e Yanomami.

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A segunda publicação é o folder “Patrimônio Cultural de Roraima”, que explica de forma didática o que são o Patrimônio Arqueológico, Material e Imaterial, apresentando exemplos locais e orientações sobre como preservá-los. Assim como a primeira, o folder também foi traduzido para as línguas Macuxi, Wapichana e Yanomami, buscando envolver as comunidades indígenas no processo de valorização e proteção do patrimônio cultural.

Rafaela Leal, arqueóloga do Iphan, destacou os desafios enfrentados durante a tradução dos materiais para as línguas indígenas. “A tradução do português para as línguas indígenas é complexa, pois reflete diferentes formas de pensamento e estruturas linguísticas. Além disso, há diferenças culturais que podem tornar certas referências incompreensíveis para alguns grupos”, explicou. Ela ressaltou que, no futuro, o ideal seria produzir materiais específicos em colaboração com cada povo indígena, em vez de apenas traduzir conteúdos já existentes.

O terceiro material lançado é a “Coleção Educativa Roraima em Foco”, baseada na primeira publicação. Composta por folders ilustrados, a coleção aborda os patrimônios culturais do estado e a atuação do Iphan em sua proteção. Ao final de cada folder, são propostos jogos interativos, que tornam o aprendizado mais dinâmico e envolvente. As ilustrações foram criadas por Letícia Guerra, aluna do Mestrado Profissional do Iphan, que atua na Superintendência do Instituto em Roraima.

Inovação e acessibilidade

A iniciativa é inédita no estado, por tratar-se de materiais específicos sobre o Patrimônio Cultural de Roraima, disponíveis em quatro idiomas e com recursos interativos. Os conteúdos foram pensados para serem acessíveis ao público em geral e podem ser utilizados como material didático em escolas e universidades, servindo como ponto de partida para discussões sobre o tema.

A expectativa é que, no futuro, as publicações sejam impressas e distribuídas em instituições de ensino, organizações indígenas e órgãos públicos relacionados à temática. Enquanto isso, as versões digitais já estão disponíveis para consulta e download. “Também estamos planejando versões acessíveis, como audiolivros, traduções em braile e em outros idiomas, tanto indígenas quanto não indígenas, considerando que Roraima é um estado de fronteira e possui uma grande diversidade cultural”, acrescentou Rafaela Leal.

Foto: Acervo Iphan

Além das três novas publicações, a Superintendência do Iphan em Roraima disponibiliza outros quatro materiais lançados anteriormente, todos voltados para o estudo e a pesquisa do Patrimônio Cultural local.

Educação Patrimonial como ferramenta de inclusão

A criação da página de Educação Patrimonial na Superintendência de Roraima é resultado de uma ação conjunta com a Coordenação Geral de Educação, Formação e Participação Social do Iphan (Cogedu/Dafe). A iniciativa surgiu em 2024, durante os Ciclos de Oficinas e Debates Virtuais, que reuniram representantes de unidades do Iphan de todo o país para discutir estratégias de fortalecimento da Educação Patrimonial.

Segundo Márcia Cristina Almeida, coordenadora de Educação Patrimonial e Formação do Iphan, a ação está alinhada aos princípios da “Carta do Beijódromo”, publicada em dezembro de 2024, que propõe recomendações para a reestruturação da Política de Educação Patrimonial do Instituto. “Essas publicações evidenciam o potencial das ferramentas de Educação Patrimonial como instrumentos plurais e multifacetados, capazes de incorporar novas linguagens e recursos para abordar a diversidade cultural do nosso país”, afirmou Márcia.

Com essas iniciativas, o Iphan reforça seu compromisso com a democratização do acesso ao conhecimento sobre o Patrimônio Cultural, promovendo a inclusão de diferentes grupos sociais e culturais no processo de valorização e preservação da memória e identidade brasileiras.

Redação Revista Amazônia

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