Astronomia

Nossos radares podem estar revelando a Terra aos alienígenas

Um estudo apresentado na Reunião Nacional de Astronomia de 2025, da Royal Astronomical Society, revela que radares usados em aeroportos e instalações militares estão emitindo sinais tão potentes que poderiam ser detectados por civilizações extraterrestres, isto se elas tiverem radiotelescópios tão sensíveis quanto os nossos.

Fonte: Pinterest

A Terra está transmitindo informações sem querer

Esses sinais, parte do funcionamento normal do nosso planeta, são emitidos dia e noite e alcançam distâncias impressionantes de até 200 anos-luz, o suficiente para atravessar milhares de sistemas estelares, ou seja, sem nenhuma intenção direta a Terra pode estar deixando escapar sua localização para o universo.

O poder das ondas que saem da Terra

Segundo os cientistas, os radares civis e militares espalhados pelo planeta geram uma emissão combinada de 2×10¹⁵ watts em radiação eletromagnética. Em teoria, essa potência alcança um raio de 200 anos-luz, mas como os sistemas começaram a operar apenas na década de 1950, o sinal real ainda só percorreu algo em torno de 75 anos-luz.

Mesmo assim, essa distância já é o bastante para alcançar mais de 120 mil estrelas, e talvez, quem sabe, tenha alcançado algum planeta com ouvintes curiosos.

Simulações feitas pelos pesquisadores mostram que, vistas de fora, essas emissões formam padrões distintos que se alteram conforme a rotação da Terra, com diferentes radares entrando e saindo do campo de visão. Um espetáculo invisível, mas cheio de significado para quem souber interpretar.

Fonte: Depositphotos

Sinais civis são potentes, mas os militares entregam mais pistas

Apesar de os radares civis emitirem mais energia, são os sinais militares que se destacam no céu. Eles produzem feixes direcionais e pulsantes, como holofotes tecnológicos, que varrem o espaço com precisão. Isso gera um padrão claro e bastante identificável.

Para Ramiro Caisse Saide, autor principal da pesquisa, esses feixes são “claramente artificiais” e não deixariam dúvidas para uma civilização tecnicamente avançada. O contraste entre os dois tipos de radar civil e militar, forma uma assinatura de rádio dinâmica, que revela a presença de uma civilização ativa e tecnologicamente avançada.

Fonte: Airway

Tecnicamente vivos, mesmo sem dizer uma palavra

O conceito de tecnossinatura, sinais não intencionais que revelam atividade tecnológica, está ganhando espaço na busca por vida inteligente fora da Terra. Em vez de depender de uma mensagem direta de outro planeta, os pesquisadores agora também procuram por resíduos tecnológicos, como essas ondas de radar que vazam da Terra diariamente.

Esse tipo de busca se baseia na ideia de que outras civilizações, assim como a nossa, também precisariam monitorar céus e controlar tráfego aéreo. Isso faz com que o radar seja uma pista universal, um sinal que não precisa ser enviado, mas que pode ser encontrado.

O exoplaneta mais próximo, Proxima Centauri b, está a apenas 4,2 anos-luz. Se houver vida inteligente por lá, é possível que nossos sinais já estejam batendo em sua atmosfera.

Fonte: SDP Notícias

Um novo jeito de ouvir o universo e de olhar para nós mesmos

Mais do que uma curiosidade científica, entender como os nossos próprios sinais se espalham pelo espaço ajuda a repensar o impacto da tecnologia humana. Segundo o professor Michael Garrett, esse tipo de pesquisa nos dá ferramentas para proteger o espectro de rádio e desenvolver sistemas mais eficientes e seguros.

A nova abordagem do SETI marca uma virada importante: além de escutar possíveis mensagens vindas do espaço, agora os cientistas estão atentos aos ecos do dia a dia tecnológico de outras civilizações, da mesma forma que estamos descobrindo os nossos próprios.

Talvez não sejamos os únicos a deixar rastros. E talvez, ao seguir esses rastros, possamos finalmente nos aproximar da resposta que move a curiosidade humana há séculos: estamos sozinhos?

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