COP 30

Amazônia em diálogo global: ciência, tradição e diplomacia na Casa Goeldi

No coração de Belém, o histórico parque zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) se prepara para se transformar em palco de um encontro entre ciência, tradição e diplomacia para o clima. A partir do dia 10 de novembro de 2025, o edifício que abrigou o naturalista suíço Emílio Goeldi será apresentado em sua nova roupagem: restaurado, revigorado e inaugurado como um centro de inovação social, científica e educacional — fruto de uma parceria entre a Embaixada da Suíça no Brasil, o MPEG, o governo do Pará, o Instituto Peabiru e o setor privado.

A chamada “Casa Goeldi” mantém o eco de uma longa história: sob a direção de Goeldi, o instituto centenário se consolidou como o centro de referência no estudo da Amazônia — até hoje abriga acervos de fauna, flora e cultura amazônica. Agora, revitalizada, ela se propõe a abrir as portas para uma nova era: uma casa-laboratório onde se conectam comunidades tradicionais, pesquisadores, artistas e inovadores, sob a tinção de cooperação suíço-brasileira. “Ao revitalizar esse espaço histórico e transformá-lo em centro de ciência e conexão entre comunidades tradicionais e pesquisadores, reafirmamos que o futuro do planeta depende de abordagens inovadoras, sustentáveis e colaborativas”, afirmou o embaixador da Suíça, Hanspeter Mock, durante o anúncio do projeto.

Paralelamente, o chalé vizinho vai se tornar a “Planetary Embassy” — uma instalação da rede Swissnex que, durante a COP30, funcionará como uma verdadeira embaixada da Terra. Embutida na paisagem viva do parque zoobotânico, essa embaixada conecta cosmologias indígenas, saberes ancestrais e inovações suíças em sustentabilidade, com a ambição de reinventar o que hoje entendemos por diplomacia. > “Com a Planetary Embassy, a questão é como transportar a tradição da Suíça como mediadora de diálogo para o mundo pós-humano.” afirmou Benjamin Bollmann, CEO da Swissnex no Brasil.

Divulgação

SAIBA MAIS: O Pulso da Amazônia na COP30: Ciência e Ancestralidade no Museu Goeldi

Entre 9 e 21 de novembro de 2025, o serviço diplomático suíço-brasileiro, por meio do pavilhão, vai reunir cientistas, startups, representantes de comunidades indígenas, artistas visuais e jovens pesquisadores. A programação irá explorar temas como bioeconomia amazônica, diplomacia entre espécies, economia circular e tecnologia para regeneração de ecossistemas. A mostra “Imagining Planetary Diplomacy”, por sua vez, levará ao público visões de convivência planetária elaboradas por jovens da Suíça, Brasil e do mundo, numa combinação de arte, ciência e cosmologias da Terra.

O sentido simbólico dessa ação é amplo. Não se trata apenas de abrir um novo edifício ou sediar um pavilhão durante uma grande conferência global — trata-se de mudar o enquadramento: a Amazônia deixará de ser meramente tratada como reserva de biodiversidade ou palco de crises ambientais para se tornar um laboratório vivo de diplomacia planetária. O MPEG, fundado em 1866, já é reconhecido como um dos mais antigos centros de pesquisa da Amazônia, com ações que cruzam ciências naturais, humanas e da terra. O que se inaugura agora é uma nova fase em que a tradição científica de Belém se conecta com a emergência global das crises da Terra — em diálogo com atores locais e globais.

No evento de lançamento, marcado para as 8h de segunda-feira, a apresentação do projeto de restauração reunirá doadores, potenciais apoiadores e parceiros estratégicos. A vontade explícita é transformar a antiga casa em “espaço suíço-brasileiro de referência na Amazônia, dedicado à ciência, à inovação e à valorização dos saberes tradicionais, com atividades de pesquisa, educação e cultura abertas ao público”. Assim, a Casa e o pavilhão se inscrevem como parte de um movimento mais amplo: repensar o papel das comunidades tradicionais, da ciência e da inovação no enfrentamento da emergência climática, dentro de uma região que é central ao equilíbrio planetário.

Ao mesmo tempo, a iniciativa evidencia a inserção diplomática da Suíça na Amazônia — não apenas como investidora ou parceira técnica, mas como mediadora de reflexões e espaços de encontro entre culturas, seres humanos e o mundo não humano. O pavilhão Swissnex mostra como diplomacia, inovação e arte podem convergir num mesmo espaço. Mesmo mais do que isso: cria-se um “lugar de tensão criativa”, onde saberes ancestrais e conhecimento científico global se combinam para imaginar futuros possíveis.

A escolha do local — o parque zoobotânico do MPEG, rodeado de árvores, aves, répteis e trilhas — não é apenas estética. É proposital: o ambiente físico torna-se parte da narrativa. A diplomacia planetária acontece ali, “entre as árvores, plantas e animais da Amazônia”, como define o site da Swissnex. Em suma: a Amazônia aparece agora não como cenário secundário, mas como agente ativo na construção de soluções globais para o clima.

Essa iniciativa desafia as noções tradicionais de diplomacia (que normalmente se desenrolam entre Estados e em cidades-sedes) e propõe uma diplomacia ampliada — que inclui espécies, ecossistemas, territórios e saberes indígenas. É, portanto, um movimento simbólico e prático para reafirmar que a preservação da memória, da ciência e da cultura amazônica está entalhada no futuro da Terra.

SERVIÇO:
Apresentação do projeto de restauração da Casa Goeldi – “Road to Belém”
Data/hora: segunda-feira (10 de novembro), às 8h
Local: Chalé João Batista de Sá – Parque Zoobotânico Museu Paraense Emílio Goeldi, Av. Gov Magalhães Barata, 376 – São Braz, Belém-PA.
Programação completa: Presença Suíça – Museu Goeldi na COP30

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