Esse roedor é confundido com rato, mas vive só em regiões alagadas
Ele tem dentes grandes, rabo comprido e pelagem escura. Para muitos, parece só mais um rato. Mas não é. Esse roedor típico do Brasil é um habitante silencioso das áreas alagadas e tem um papel essencial para o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos. Conheça o rato-do-banhado, também chamado de ratão-do-banhado, e descubra por que ele merece mais respeito do que susto.
Apesar da semelhança superficial com os ratos urbanos, o rato-do-banhado (Myocastor coypus) tem comportamento e habitat completamente diferentes. Ele vive exclusivamente em áreas úmidas, como banhados, margens de rios e lagoas, sendo um excelente nadador. Seu corpo é adaptado à vida aquática, com membranas entre os dedos e pelagem densa que o protege do frio.
Esse animal é mais comum no Sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, mas também pode ser encontrado em outros países da América do Sul, como Uruguai e Argentina.
Ao contrário do rato de esgoto (Rattus norvegicus), o rato-do-banhado tem hábitos herbívoros, sendo um roedor de vegetação aquática e raízes. Ele também é maior, podendo ultrapassar 60 cm com o rabo. Sua cabeça lembra a de um castor, e os dentes incisivos alaranjados são um dos seus traços mais marcantes.
Outra diferença importante é o comportamento. O rato-do-banhado é tímido e discreto, evitando o contato com humanos. Ele constrói tocas nas margens dos banhados e vive em pequenos grupos ou até de forma solitária, sem invadir ambientes urbanos.
Esse roedor cumpre funções ecológicas relevantes. Ao se alimentar de vegetação aquática, ele ajuda a manter o equilíbrio desses ecossistemas, evitando a superpopulação de plantas que podem sufocar a vida aquática. Além disso, suas tocas e movimentações nas margens criam pequenos canais naturais que favorecem o escoamento da água e o surgimento de micro-habitats.
Ele também serve de alimento para predadores naturais, como aves de rapina e felinos silvestres, integrando a cadeia alimentar de forma saudável.
Por ser confundido com rato urbano, o rato-do-banhado é muitas vezes alvo de preconceito e morte injustificada. Há décadas, ele também foi caçado por causa de sua pele, muito apreciada para a confecção de roupas — principalmente quando seu nome em espanhol, “nutria”, se espalhou no mercado da moda.
A caça predatória e a degradação das áreas alagadas colocaram populações locais sob risco. Hoje, há projetos de conservação e monitoramento, especialmente em parques naturais e áreas de preservação.
É excelente nadador: passa boa parte do tempo na água e consegue mergulhar por mais de 5 minutos.
Tem voz: emite sons agudos para se comunicar com outros indivíduos, principalmente em momentos de alerta.
Não sobe em casas: ao contrário do rato urbano, não se aproxima de residências, lixeiras ou comida humana.
Ajuda na biodiversidade: por interagir com plantas aquáticas e outras espécies, aumenta a diversidade do ambiente onde vive.
Não. O rato-do-banhado não representa risco à saúde humana. Ele não transmite doenças como o rato urbano e evita o contato com pessoas. A ideia de que todo roedor é perigoso é um mito — e entender as diferenças é essencial para a conservação da fauna nativa.
Tratá-lo como praga é um erro que pode custar caro para o equilíbrio ambiental, principalmente em regiões onde os banhados já estão ameaçados pelo avanço da urbanização.
Se você estiver visitando regiões úmidas como o Delta do Jacuí (RS), o Pantanal (MS/MT) ou mesmo áreas de várzea ao longo do rio Paraná, pode ter a sorte de ver um rato-do-banhado em seu ambiente natural. Fique atento ao entardecer, quando ele costuma sair da toca para se alimentar.
Mas lembre: é um animal silvestre, e a observação deve ser feita à distância, sem interferir em seu comportamento ou território.
Ao entender quem é esse roedor, fica claro que a aparência não diz tudo. O rato-do-banhado é símbolo de um ecossistema que resiste em silêncio, entre águas e margens, longe dos olhos da maioria. Respeitá-lo é também proteger os banhados, a biodiversidade e a vida que pulsa mesmo nos cantos mais discretos da natureza brasileira.
Leia mais artigos aqui
Conheça também – Revista Para+
Entendendo a Biodiversidade da Amazônia: Uma Perspectiva Geológica A Amazônia é uma região notoriamente rica…
Uma nova era para a observação dos oceanos A exploração dos mares, há décadas dominada…
A trajetória de YANUNI, documentário produzido por Juma Xipaia em parceria com Leonardo DiCaprio, ganhou…
Valorização dos servidores e retomada histórica de contrataçõesDurante a programação que celebra os 30 anos…
Um encontro para pensar o futuro a partir das escolasA Conferência Climática dos Centros Educa…
This website uses cookies.