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O Impacto da moda na água: Roupas em segunda mão como mitigação dos danos ambientais

 A indústria da moda, especialmente a fast fashion, é amplamente reconhecida por sua exploração dos trabalhadores, consumo excessivo de recursos naturais e geração de enormes volumes de lixo. Mas o que muitas pessoas não sabem é a quantidade de água necessária para produzir as peças de vestuário que usamos diariamente.

Roupas de segunda mão como solução

e0f59440e88c6fb535123526a6ca78a7e0f59440e88c6fb535123526a6ca78a7Segundo um estudo da Oxfam, comprar roupas de segunda mão pode gerar uma economia impressionante de água. De acordo com a análise, ao adquirir apenas um par de calças jeans e uma camiseta de segunda mão, podemos economizar o equivalente a 20.000 garrafas de água.

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A produção de uma simples camiseta de algodão, por exemplo, requer aproximadamente 5.400 garrafas de água (500 ml cada), o suficiente para cobrir as necessidades diárias de cerca de 1.600 pessoas, conforme os padrões do Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido. Já um par de calças jeans demanda 16.000 garrafas de água, o que seria suficiente para hidratar 4.750 pessoas durante um dia.

Lorna Fallon, diretora de varejo da Oxfam, destacou a importância dessas estatísticas: “Estamos literalmente afogando-nos na moda”, afirmou. “Com a escassez de água doce agravada pelas mudanças climáticas, a produção de vestuário, que é extremamente sedenta de água, poderia ser significativamente reduzida se optássemos por comprar mais roupas de segunda mão”, acrescentou.

Por que a Indústria da Moda Consome Tanta Água?

O processo de fabricação de roupas consome água em várias etapas, desde o cultivo de fibras naturais, como o algodão, até o tingimento e a lavagem dos tecidos. A pegada hídrica do vestuário usado anualmente no Reino Unido é impressionante: aproximadamente 8 bilhões de metros cúbicos de água, o suficiente para atender ao consumo de toda a população britânica por dois anos.

Globalmente, a indústria da moda consome cerca de 93 bilhões de metros cúbicos de água a cada ano, um volume equivalente a 37 milhões de piscinas olímpicas. No entanto, a transparência nesse processo é alarmantemente baixa, já que, segundo um relatório da Planet Tracker, 90% das marcas de moda não revelam os riscos relacionados ao uso de água em suas operações.

A Campanha “Setembro em Segunda Mão” da Oxfam

Desde 2019, a Oxfam vem promovendo a campanha “Setembro em Segunda Mão”, que incentiva as pessoas a prolongar a vida útil de suas roupas por meio da compra em brechós e da doação de peças. “Ao recircular nossas roupas – comprando, usando e doando – podemos reduzir a demanda por novas produções e, assim, diminuir o impacto ambiental”, explica Lorna Fallon.

A atriz e apresentadora britânica Cat Deeley está liderando a campanha deste ano e é uma grande defensora da compra de segunda mão. “Onde quer que eu esteja, encontro sempre lojas de caridade e adoro caçar as peças mais exclusivas e sustentáveis”, disse Deeley. “Comprar em segunda mão é uma forma incrível de encontrar algo único, dar uma nova vida à peça e apoiar uma boa causa.”

A Oxfam, que tem mostrado como a compra de roupas de segunda mão não significa qualidade inferior, estará novamente presente na Semana da Moda de Londres, no dia 12 de setembro, com uma coleção de peças de segunda mão, em parceria com o marketplace online Vinted.

Custo ambiental da moda

A moda tem um custo ambiental significativo, principalmente no que diz respeito ao consumo de água. No entanto, a compra de roupas de segunda mão oferece uma maneira poderosa de reduzir esse impacto, além de prolongar a vida útil das peças e apoiar iniciativas sustentáveis. A campanha “Setembro em Segunda Mão” da Oxfam é um exemplo claro de como pequenas mudanças no comportamento do consumidor podem gerar um impacto positivo significativo para o meio ambiente.

Redação Revista Amazônia

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