Pesquisa

Sapos Venenosos da Amazônia Têm Distribuição Restrita

 

Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e publicada recentemente na revista científica “Anais da Academia Brasileira de Ciências” revelou que a distribuição de três espécies de sapos do gênero Adelphobates na floresta amazônica é mais limitada do que se acreditava anteriormente. Essas descobertas estão gerando preocupação entre os cientistas, já que as espécies foram encontradas principalmente na região do arco do desmatamento da floresta, o que as coloca em risco.

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As espécies A. quinquevittatus, A. castaneoticus e A. galactonotus, conhecidas como sapos-ponta-de-flecha devido à sua coloração vibrante e ao veneno que produzem, foram identificadas principalmente ao sul do rio Amazonas. A pesquisa aponta que A. quinquevittatus tem uma distribuição mais restrita à bacia do rio Madeira, na Amazônia Ocidental, enquanto as outras duas espécies se concentram na margem direita do rio Tapajós, na Amazônia Oriental.

Para mapear a distribuição desses sapos venenosos, os pesquisadores coletaram 113 indivíduos das três espécies em diferentes pontos das bacias dos rios Madeira, Tapajós-Xingu e Tocantins, entre 2008 e 2018. Em seguida, realizaram sequenciamento genético para identificar possíveis linhagens genéticas e montar árvores filogenéticas que contam a história evolutiva das espécies.

Os resultados mostraram que esses sapos dependem de um ambiente bem preservado, com alta umidade e precipitação elevada durante a época de chuva para se desenvolverem. Apesar de serem considerados “pouco preocupantes” pela Lista Vermelha da IUCN, o desmatamento na Amazônia Legal representa um risco para essas espécies, uma vez que 90% do desmatamento ocorre nos estados do Pará, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso, onde elas são comumente encontradas.

Larissa Medeiros, pesquisadora do Inpa e primeira autora do estudo, destaca que a distribuição das espécies de sapos-ponta-de-flecha é ainda mais restrita do que se pensava anteriormente, especialmente em comparação com o levantamento da IUCN. Ela ressalta que o estudo pode auxiliar na formulação de políticas de conservação ambiental, pois investir na preservação desses sapos significa proteger não apenas as espécies, mas também todo o ambiente em que vivem, incluindo recursos importantes como as castanheiras.

Com esse estudo, os pesquisadores esperam fornecer informações valiosas para futuras políticas de conservação e para o entendimento da história evolutiva desses sapos venenosos na Amazônia Oriental.

Redação Revista Amazônia

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