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Sistema agroalimentar global carece de diversidade e melhorias, aponta G20

 

O sistema agroalimentar mundial tem se mostrado repetitivo e precisa de reformas urgentes, de acordo com um estudo apresentado ao G20. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, o bem-estar animal é definido pela forma como os animais lidam com as condições em que vivem. Isso inclui estar saudável, bem nutrido, livre de doenças e estresse, além de ter acesso a tratamento veterinário adequado e abrigo apropriado. Em outras palavras, o bem-estar animal reflete o estado de saúde e qualidade de vida do animal.

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Com esse contexto, a Cátedra Josué de Castro, membro temporário do Conselho Consultivo Nacional do Think20 Brasil (T20), elaborou um estudo que propõe ações para melhorar as condições de vida dos animais em sistemas de criação intensiva.

Sistema para melhorar as condições de vida dos animais

Esse convite à cátedra ocorreu após o Brasil assumir a presidência do G20, grupo composto pelas 19 maiores economias do mundo, além da União Africana e União Europeia, e coordenar o T20, que discute soluções e políticas públicas para o desenvolvimento global. A próxima reunião do G20 está marcada para os dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro, com a presença dos líderes dos países-membros.

Falta de diversidade na produção alimentícia

A homogeneidade nos sistemas de produção animal tem gerado desafios socioambientais em três áreas principais: a escolha das raças, a alimentação fornecida e os métodos de criação. De acordo com a professora Rita Albernaz Gonçalves, do Instituto Federal Catarinense, que liderou o estudo sobre bem-estar animal, a seleção de raças baseada unicamente em alta produtividade, que beneficia as indústrias, acaba prejudicando a qualidade de vida dos animais. Isso aumenta sua suscetibilidade a doenças.

Quanto à monotonia alimentar, a professora destaca que as rações, muitas vezes compostas apenas por milho e soja, não atendem totalmente às necessidades nutricionais dos animais. “Por isso, há a necessidade de adicionar aditivos nutricionais fabricados por grandes empresas multinacionais, o que torna a pecuária intensiva dependente de insumos industrializados, elevando os custos de produção e aumentando a dependência de importações”, explica Rita.

Ela também critica o confinamento intensivo dos animais, prática que promove uniformidade na criação, mas aumenta o risco de doenças e estresse crônico. Para mitigar esses efeitos, criadores frequentemente recorrem ao uso excessivo de antibióticos, comprometendo o bem-estar dos animais.

Propostas para mudança

Para resolver os problemas da falta de diversidade no sistema agroalimentar, são necessárias soluções integradas e complexas. Entre elas, Rita sugere diversificar os componentes das rações, utilizando alimentos que não competem com a nutrição humana. Também defende o resgate de raças geneticamente diversificadas e o desenvolvimento de linhagens mais rústicas, com o objetivo de produzir animais mais resistentes e saudáveis. Além disso, a criação de ambientes equilibrados, com mais espaço e interações positivas entre animais e humanos, é vista como fundamental.

Essas medidas, segundo a professora, são essenciais para garantir o bem-estar dos animais durante todo o processo de criação, não apenas no momento do abate. Ela cita como exemplos positivos os sistemas de criação de aves livres de gaiolas, a pecuária bovina extensiva e o agrossilvipastoril.

Debate sobre a produção monótona

Defensores do sistema atual argumentam que apenas uma produção intensiva e padronizada seria capaz de atender à demanda alimentar mundial. No entanto, para Rita, isso é uma falácia. Ela acredita que já há proteína animal suficiente sendo produzida para alimentar a população global, mas a má distribuição desses alimentos cria o problema da monotonia alimentar.

“Ao mesmo tempo, não podemos justificar o sofrimento animal como parte necessária da alimentação humana. A sociedade está cada vez mais exigente quanto à origem dos alimentos e às condições em que os animais são criados. O crescimento de selos de bem-estar animal e os compromissos de grandes empresas com práticas mais éticas indicam que estamos em um momento de transição no sistema agroalimentar, e não há volta”, conclui Rita.

Redação Revista Amazônia

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