Pesquisadores da Unicamp e da UTFPR desenvolveram uma tecnologia inovadora e sustentável que aproveita a palha de milho, subproduto agrícola geralmente descartado para produzir biocompostos de alto valor com eficiência inédita.
O método, publicado no Biofuel Research Journal, utiliza apenas água subcrítica (em altas temperaturas e sob pressão) como solvente, evitando o uso de substâncias químicas nocivas como ácidos fortes.
O estudo, parte do doutorado de Rafael Gabriel da Rosa, demonstra como é possível extrair açúcares fermentáveis, compostos fenólicos com propriedades antioxidantes e ácidos orgânicos aplicáveis à produção de plásticos biodegradáveis, conservantes e solventes, tudo isso com economia de tempo e energia.
A tecnologia alcançou resultados expressivos. Utilizando hidrólise subcrítica, o método conseguiu recuperar até 76,82 mg de compostos fenólicos por grama de palha, superando os 12,76 mg/g obtidos por métodos tradicionais com ácidos.
No caso dos açúcares (glicose, xilose e celobiose), foram extraídos 448,54 mg/g com apenas 30 minutos de processamento a 170 °C e pH 1, seis vezes mais do que as tecnologias convencionais.
Já a produção de ácidos orgânicos, como acético e fórmico, atingiu 1.157,19 mg/g a 226 °C e pH 4,5, resultado promissor para a geração de precursores químicos renováveis utilizados na indústria de embalagens e solventes naturais.
Para comprovar o compromisso ambiental da inovação, os cientistas aplicaram a métrica EcoScale, que avalia impactos ecológicos, econômicos e de segurança em reações químicas de laboratório. O método alcançou 93 pontos em 100 possíveis, um desempenho considerado excelente e superior a processos com reagentes agressivos como ácido sulfúrico, que costumam variar entre 54 e 85 pontos.
Segundo a professora Tânia Forster-Carneiro, coautora do artigo e orientadora do estudo na Unicamp, esse é um indicativo de que a tecnologia pode ser levada à escala industrial com riscos mínimos e alta eficiência.
O estudo também incorporou uma análise técnico-econômica preliminar, estimando custos de investimento, operação e retorno financeiro com base nos dados laboratoriais. O foco foi a produção de açúcares, especialmente voltados à indústria de biocombustíveis, que apresenta maior potencial de valor agregado.
O modelo de negócios simulado indicou um payback entre quatro e cinco anos, tornando o processo atrativo não apenas ambientalmente, mas também sob a ótica de investidores e empreendedores da bioeconomia.
A tecnologia desenvolvida pode revolucionar a forma como resíduos agrícolas são utilizados no Brasil, com aplicações diretas nas indústrias alimentícia, farmacêutica, química e energética. Com alto rendimento, baixo impacto e retorno financeiro competitivo, o método fortalece o elo entre ciência e inovação prática, apontando um caminho para uma bioindústria mais sustentável.
“Essa solução é um exemplo de como um subproduto comumente descartado pode ser transformado em fonte de valor e sustentabilidade”, conclui Forster-Carneiro.
A redução do desmatamento no Brasil em 2023, apontada pela Rede MapBiomas, é um sinal…
A combinação entre queimadas frequentes e o avanço da agricultura está provocando a deterioração acelerada…
A Zamioculca é uma das plantas ornamentais mais queridas por quem deseja ter um toque…
Mais de um terço de todos os animais da Terra, de besouros a vacas e…
Você sabe se está oferecendo a ração de cachorro certa para o porte do seu…
É desconcertante. Você está no sofá, em silêncio, e, de repente, percebe seu cachorro parado…
This website uses cookies.