As temperaturas extremas estão se tornando uma ameaça cada vez maior para a saúde pública. Estudos científicos vêm alertando que ondas de calor e frio intenso podem ser letais, especialmente para grupos mais vulneráveis. Uma pesquisa abrangente, realizada pelo projeto Salud Urbana en América Latina (Salurbal) e publicada na revista Nature Medicine, revelou que quase 6% das mortes registradas em cidades da América Latina podem ser atribuídas às temperaturas extremas.
O estudo analisou mais de 15 milhões de óbitos em 326 cidades de nove países entre os anos de 2002 e 2015. Os resultados mostram que tanto o calor quanto o frio extremo impactam significativamente a mortalidade, especialmente em grupos como idosos e crianças. À medida que as mudanças climáticas avançam e eventos climáticos extremos se tornam mais frequentes, a tendência é que esses números aumentem, tornando a questão um desafio urgente para governos e planejadores urbanos.
A pesquisa mostrou que os efeitos das temperaturas extremas variam de acordo com a faixa etária e a condição de saúde prévia das pessoas. Entre os principais achados do estudo, destacam-se os seguintes dados:
A relação entre temperatura e mortalidade foi mais intensa para doenças cardiovasculares e respiratórias, indicando que o corpo humano pode ter dificuldades em se adaptar a temperaturas extremas, principalmente quando mudanças bruscas ocorrem em períodos curtos de tempo.
Segundo os pesquisadores, o impacto das temperaturas extremas na mortalidade é ainda maior em cidades densamente povoadas, onde o fenômeno das ilhas de calor urbanas amplifica o calor durante os meses mais quentes.
Um dos fatores que agrava a exposição a temperaturas extremas é a forma como as cidades são construídas. As chamadas ilhas de calor urbanas são regiões onde a temperatura é significativamente maior do que nas áreas rurais ao redor, devido à alta concentração de asfalto, concreto e edifícios.
Os materiais urbanos absorvem e retêm calor durante o dia e liberam essa energia lentamente à noite, fazendo com que as temperaturas permaneçam elevadas mesmo após o pôr do sol. Em algumas cidades, a diferença entre a temperatura urbana e rural pode chegar a 7°C. Esse fenômeno torna os eventos de calor extremo ainda mais perigosos, pois as pessoas não conseguem encontrar alívio nem mesmo à noite.
As temperaturas extremas afetam o corpo humano de diversas formas. Durante ondas de calor, os principais riscos incluem:
Já o frio extremo pode causar problemas igualmente sérios, como:
Esses efeitos são ainda mais graves em populações vulneráveis, incluindo idosos, crianças, pessoas com doenças crônicas e aqueles que vivem em condições precárias.
A frequência de ondas de calor e frio extremo tem aumentado ao longo dos anos, impulsionada pelas mudanças climáticas. Segundo cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o aquecimento global está tornando os extremos climáticos mais frequentes e intensos.
Projeções indicam que, até 2050, o número de dias de calor extremo poderá dobrar em várias regiões do mundo, enquanto eventos de frio intenso também se tornarão mais erráticos, atingindo populações que historicamente não estavam preparadas para essas condições.
No caso da América Latina, estudos preveem que cidades como São Paulo, Buenos Aires e Cidade do México poderão enfrentar ondas de calor cinco a dez vezes mais frequentes até meados do século XXI.
Os pesquisadores do estudo alertam que as cidades precisam se preparar para lidar com temperaturas extremas, investindo em infraestrutura e políticas públicas que minimizem os impactos do clima na saúde da população. Algumas das principais estratégias incluem:
As evidências científicas são claras: as temperaturas extremas já estão impactando a saúde pública e a mortalidade urbana. O estudo conduzido pelo Salurbal reforça a necessidade de ações imediatas para proteger as populações mais vulneráveis e adaptar as cidades aos desafios climáticos do futuro.
A combinação de políticas urbanas inteligentes, investimentos em infraestrutura sustentável e ações para reduzir as emissões de carbono pode minimizar os efeitos devastadores das mudanças climáticas. No entanto, sem esforços coordenados, a tendência é que as temperaturas extremas continuem a impactar a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo.
A questão não é mais se esses eventos vão acontecer, mas como podemos nos preparar para evitar suas consequências mais graves. A resposta está em agir agora, tornando nossas cidades mais resilientes e adaptadas a um mundo cada vez mais quente e imprevisível.
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