Em maio de 2024, a Terra foi atingida por uma das mais intensas tempestades geomagnéticas das últimas décadas. O evento, resultado de uma poderosa ejeção de massa coronal do Sol, causou impactos significativos no campo magnético terrestre, interrompendo sistemas de comunicação, afetando satélites e gerando auroras impressionantes em regiões onde raramente são vistas. Mas um dos efeitos mais surpreendentes foi a formação de dois novos cinturões de radiação ao redor do planeta, um dos quais permanece até hoje.
Os cinturões de Van Allen, descobertos na década de 1950, são regiões de partículas carregadas presas pelo campo magnético terrestre. No entanto, o satélite Colorado Inner Radiation Belt Experiment (CIRBE) da NASA revelou algo inédito: dois novos cinturões temporários formados em meio às estruturas permanentes de Van Allen. O primeiro deles era composto principalmente por elétrons de alta energia, enquanto o segundo, surpreendentemente, continha uma concentração elevada de prótons, um fenômeno nunca antes observado em formações temporárias desse tipo.
O CIRBE foi fundamental para essa descoberta, pois possui sensores avançados capazes de detectar partículas de diferentes energias e composições. O satélite estava inoperante desde abril de 2024, mas voltou a funcionar em junho, permitindo que os cientistas registrassem dados inestimáveis sobre a formação e evolução dos novos cinturões.
Os cientistas notaram que, enquanto o cinturão de elétrons desapareceu em cerca de três meses, o cinturão de prótons permaneceu surpreendentemente estável, e pode ainda estar presente atualmente. Isso levanta questões fundamentais sobre a dinâmica das partículas no campo magnético terrestre e como tempestades solares extremas podem gerar estruturas que desafiam modelos estabelecidos da magnetosfera.
Segundo Xinlin Li, físico espacial da Universidade do Colorado Boulder e autor principal do estudo publicado no Journal of Geophysical Research: Space Physics, “quando comparamos os dados antes e depois da tempestade, ficamos impressionados com a formação do cinturão de prótons. Essa estrutura desafia nossa compreensão da interação entre o vento solar e a magnetosfera”.
A formação desses novos cinturões tem implicações significativas para a tecnologia espacial e a segurança das missões tripuladas. A presença de prótons de alta energia em regiões inesperadas pode representar riscos para satélites, astronautas e espaçonaves que operam além da órbita baixa terrestre.
Equipamentos eletrônicos a bordo de satélites podem sofrer danos severos devido à interação com partículas energéticas, enquanto astronautas em futuras missões lunares ou para Marte poderiam ser expostos a níveis perigosos de radiação. “Precisamos repensar os escudos protetores das espaçonaves e considerar esses novos cenários ao planejar missões espaciais”, alerta Li.
A descoberta dos novos cinturões ocorre em um momento crucial para a ciência espacial. O Sol entrou em um período de máxima atividade, conhecido como solar maximum, um ciclo que ocorre aproximadamente a cada 11 anos e que pode desencadear tempestades solares ainda mais intensas.
Eventos extremos como o de maio de 2024 podem se tornar mais frequentes, exigindo monitoramento contínuo da magnetosfera e investimentos em tecnologias de proteção contra a radiação espacial. Cientistas estão agora explorando novas missões para estudar melhor esses fenômenos e suas implicações para o nosso planeta e a exploração do espaço profundo.
A formação de um novo cinturão de radiação ao redor da Terra é um evento sem precedentes que desafia nossa compreensão sobre a dinâmica da magnetosfera. Graças ao satélite CIRBE, cientistas puderam documentar um fenômeno que poderia ter passado despercebido, fornecendo pistas cruciais sobre a interação entre tempestades solares e o campo magnético terrestre.
Essa descoberta reforça a importância de monitorar o clima espacial e adaptar nossas tecnologias para lidar com os desafios impostos por eventos solares extremos. No futuro, estudos adicionais serão essenciais para entender o impacto a longo prazo desses cinturões temporários e como podemos proteger melhor nossos satélites, espaçonaves e astronautas dos perigos invisíveis do espaço.
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