Fonte: Fabio Colombini
Uma toxina encontrada no veneno de um escorpião comum da Amazônia pode representar uma nova esperança no combate ao câncer de mama, uma das principais causas de morte entre mulheres.
O estudo, conduzido por cientistas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP (FCFRP-USP), revelou que a molécula isolada do escorpião Brotheas amazonicus apresentou uma resposta antitumoral comparável à do paclitaxel, um dos quimioterápicos mais utilizados no tratamento da doença.
Os primeiros resultados foram apresentados na FAPESP Week França, evento realizado de 10 a 12 de junho na cidade de Toulouse, em parceria com instituições de pesquisa brasileiras e francesas.
A identificação dessa molécula, chamada BamazScplp1, foi possível graças a um trabalho de bioprospecção realizado em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). O grupo já havia obtido sucesso com outros projetos envolvendo proteínas bioativas extraídas de animais peçonhentos, como o desenvolvimento de um selante de fibrina patenteado, à base de veneno de serpentes e sangue de animais domésticos.
Esse selante imita o processo natural de cicatrização do corpo e já se encontra na fase 3 de estudos clínicos, a etapa final antes da aprovação de um novo medicamento. Agora, a equipe volta sua atenção à expressão heteróloga da toxina amazônica, um método que permite a produção da molécula em laboratório, utilizando microrganismos como a levedura Pichia pastoris.
A produção em larga escala de toxinas como a BamazScplp1 pode viabilizar tratamentos mais eficazes e acessíveis, especialmente em países em desenvolvimento. Os pesquisadores acreditam que o uso de expressão heteróloga pode acelerar esse processo. A estratégia também está sendo aplicada em outras substâncias promissoras, como fatores de crescimento extraídos de cascavéis, capazes de estimular a formação de vasos sanguíneos e melhorar produtos já existentes, como o selante de fibrina.
Além das propriedades antitumorais, toxinas de escorpiões amazônicos têm mostrado ação imunossupressora, um recurso valioso no tratamento de doenças autoimunes ou como complemento em terapias contra o câncer.
Outras frentes de pesquisa no Brasil também exploram caminhos inovadores contra o câncer. No Centro de Inovação Teranóstica em Câncer (CancerThera), em Campinas, cientistas estão desenvolvendo uma abordagem que une diagnóstico e terapia. A técnica consiste em marcar moléculas tumorais com radioisótopos, o que permite sua detecção por imagem e, posteriormente, a destruição das células com radiação localizada.
Essa estratégia vem sendo testada em diversos tipos de tumores, como câncer de fígado, tireoide, pulmão e sarcomas, com bons resultados iniciais. A meta é criar tratamentos personalizados, baseados nas características moleculares de cada paciente.
Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP (ICB-USP) também estão avançando na criação de vacinas personalizadas contra o câncer. A técnica utiliza células dendríticas, fundamentais para a resposta imunológica, fundidas com células tumorais dos próprios pacientes. Os ensaios clínicos iniciais mostraram resultados promissores em casos de melanoma, câncer renal e glioblastoma.
A ideia é estimular o sistema imunológico a reconhecer e combater os tumores com mais eficiência. Com base nesses resultados, a equipe prepara um estudo clínico de fase 3, etapa crucial para validar a eficácia da vacina.
Na França, o Instituto Universitário do Câncer de Toulouse está aplicando inteligência artificial à ressonância magnética para prever a resposta de pacientes com glioblastoma à quimioterapia. A tecnologia permite identificar alterações genéticas que afetam a produção da proteína MGMT, associada ao prognóstico da doença.
Com precisão superior a 80%, os algoritmos desenvolvidos superam métodos tradicionais e evitam a necessidade de biópsias invasivas. O projeto, que une medicina e tecnologia aeroespacial, representa um avanço promissor no monitoramento e personalização dos tratamentos oncológicos.
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