Foto:Alex Ribeiro /Ag. Pará
A 76 dias da realização da COP30, Belém já começa a experimentar os impactos de uma preparação que vai além da pauta ambiental. O Governo do Pará, em articulação com a Secretaria de Estado de Turismo (Setur)
e plataformas digitais de hospedagem, está transformando a hospitalidade em um dos legados mais sólidos que a conferência deixará para o estado.
Na última terça-feira (26), anfitriões e especialistas se reuniram no “Airbnb Day”, evento promovido em parceria entre o governo estadual e a plataforma Airbnb. A iniciativa apresentou resultados concretos da estratégia que vem sendo construída para ampliar a capacidade de acolhimento de visitantes e qualificar anfitriões locais.
Os números impressionam. Entre fevereiro e agosto de 2025, o preço médio das diárias em imóveis cadastrados no Airbnb em Belém, Ananindeua e Marituba caiu 22%. A redução, fruto de orientação direta aos anfitriões, veio acompanhada de ganhos de qualidade. O número de anúncios classificados como “Preferidos dos Hóspedes” cresceu quase 70%, enquanto a quantidade de Superhosts, anfitriões mais bem avaliados da plataforma, subiu cerca de 50%.
Além disso, a cidade de Belém passou de cerca de mil anúncios em 2023 para mais de 8.800 este ano. As buscas domésticas por destinos no Pará tiveram alta de 115%, com destaque para Belém, Salinópolis e Santarém. Salvaterra, no arquipélago do Marajó, entrou na lista dos dez municípios costeiros mais hospitaleiros do Brasil.
Segundo o secretário de Turismo do Pará, Eduardo Costa, o sucesso é resultado de uma agenda de trabalho contínua. Foram realizados cinco encontros presenciais e dois webinários de orientação para anfitriões, tratando de temas como precificação justa, padrões de atendimento e alinhamento às diretrizes da COP30. “O Airbnb tem sido um parceiro importante dentro dessa construção coletiva, difundindo boas práticas e colaborando para o fortalecimento do turismo local”, destacou.
Para Costa, a preparação não é apenas logística, mas também uma oportunidade de desenvolvimento sustentável. “Ampliamos a rede de hospedagem, reduzimos os preços e movimentamos a economia. Isso mostra que o Pará está pronto para receber o mundo”, afirmou.
Na avaliação de Fiamma Zarife, diretora-geral do Airbnb para a América do Sul, o Pará tornou-se um exemplo de colaboração entre poder público, iniciativa privada e comunidade. “A COP30 é uma chance única de mostrar a hospitalidade paraense. O governo está conduzindo um processo colaborativo, e nosso papel é apoiar práticas responsáveis e acolhedoras que deixem um legado duradouro”, disse.
Para anfitriões locais, a parceria tem impacto direto. Aline Marion, líder da Comunidade Airbnb em Belém, ressaltou como a preparação transformou a atividade em fonte real de renda e orgulho cultural. “Ser anfitriã é mostrar nossa cultura e nosso jeito de receber. Os cursos e orientações oferecidos nos ajudaram a profissionalizar esse acolhimento e a nos conectar com pessoas do mundo inteiro”, afirmou.
A valorização da cultura regional também é parte da estratégia. Em parceria com a Setur, o Airbnb lançou em 2024 a rota “Isso é Pará”, dentro do projeto Rotas Airbnb. A iniciativa conecta turistas à diversidade amazônica por meio de roteiros que combinam natureza, história, gastronomia e tradições culturais.
O roteiro “Belém – uma capital como você nunca viu” convida a redescobrir a cidade pelo Mercado do Ver-o-Peso, pelo Mangal das Garças, pelo Parque do Utinga e pela Estação das Docas, além de experiências únicas como provar o jambu, dançar carimbó e sentir a devoção do Círio de Nazaré.
Outros itinerários destacam as praias de Salinópolis e Bragança, o encontro das águas do Tapajós com o Amazonas em Santarém, a paradisíaca Alter do Chão e a Ilha do Marajó, famosa por sua culinária singular e tradições culturais.
Mais do que receber visitantes durante a COP30, a aposta do Pará é consolidar uma rede de hospitalidade capaz de se manter como motor da economia criativa e do turismo sustentável. A articulação com plataformas digitais, a capacitação dos anfitriões e a valorização da identidade cultural criam uma nova narrativa para o estado: a de um destino acolhedor, diverso e preparado para o futuro.
A COP30 chega, mas o legado da hospitalidade paraense promete permanecer muito além do evento.
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