Categories: Geral

Vale acelera extração de cobre na Amazônia para suprir demanda global da IA

A Vale Base Metals, subsidiária da Vale focada na exploração de minerais além do ferro, está acelerando seus projetos de extração de cobre na Amazônia para atender à crescente demanda impulsionada pela transição energética e pelo avanço da inteligência artificial. A previsão da mineradora é aumentar a produção de cobre de 500 mil para 700 mil toneladas até 2035, com grande parte desse volume vindo do sudeste do Pará.

Cobre

O cobre é um insumo essencial para a eletrificação, estando presente em redes elétricas, sistemas de resfriamento e, cada vez mais, na infraestrutura de data centers. Com a expansão do mercado de IA e o crescimento de servidores em nuvem, a demanda global pelo metal deve aumentar em 150% até 2050. Um exemplo claro desse consumo crescente é o fato de que cada data center da Microsoft requer aproximadamente 27 toneladas de cobre por megawatt-hora de eletricidade.

Publicidade

Diante desse cenário, a Vale está retomando projetos na Amazônia que estavam parados há décadas. O maior foco da empresa é a Mina de Salobo, localizada em Marabá (PA), que no ano passado produziu 200 mil toneladas do metal. A expansão inclui a ativação de minas adjacentes, como o projeto Paulo Afonso, que pode acrescentar entre 70 mil e 100 mil toneladas anuais. Outros empreendimentos próximos às minas de Sossego e Bacaba, em Canaã dos Carajás, também devem impulsionar a produção.

Impactos sociais e ambientais

Apesar do potencial econômico, a expansão da mineração na Amazônia levanta preocupações ambientais e sociais. A extração de cobre em grande escala envolve desmatamento, contaminação de rios e deslocamento de comunidades tradicionais. No South Hub, região de Sossego e Bacaba, moradores relatam constantes problemas causados pela mineração, como níveis elevados de poeira e ruído, além de impacto na qualidade da água. Em 2024, o governo do Pará chegou a suspender temporariamente as operações da mineradora na área devido a reclamações.

A mineração também afeta territórios indígenas e unidades de conservação, intensificando disputas por terras e agravando ameaças a biomas sensíveis. Lideranças ambientais e indígenas alertam para os riscos da expansão sem estudos aprofundados sobre os impactos de longo prazo. “A corrida pelo cobre pode transformar a Amazônia em um grande campo de exploração mineral, com consequências irreversíveis”, destaca um ativista local.

Regulação e expectativas para o futuro

A Vale aguarda aprovação do governo para iniciar a construção de novas minas, enquanto o setor enfrenta debates sobre regulação ambiental e fiscalização de impactos. Projetos como Cristalino, que pode adicionar entre 70 mil e 90 mil toneladas anuais por pelo menos 22 anos, dependem de licenciamento estadual. A pressão por investimentos sustentáveis também cresce, com exigência de compensações ambientais e melhores práticas de mineração.

Se por um lado a mineração de cobre na Amazônia pode impulsionar a economia e garantir suprimento para setores estratégicos, por outro, o futuro da floresta e das populações tradicionais depende das decisões tomadas agora. A questão central é: até que ponto o avanço tecnológico pode justificar impactos socioambientais irreversíveis?

Redação Revista Amazônia

Published by
Redação Revista Amazônia

Recent Posts

MMA abre consulta pública para regulamentar a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais

Opresidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, e o ministro substituto do Meio Ambiente e…

6 horas ago

Universidade de Oxford abre vaga de pós-doutorado para estudar resiliência das florestas tropicais e saúde na Amazônia

A Universidade de Oxford, uma das mais renomadas instituições acadêmicas do mundo, está com uma…

7 horas ago

A revolução silenciosa do açaí: como o Açaibot inaugura uma nova era para a colheita na Amazônia

No coração da Amazônia, um movimento silencioso, porém profundamente transformador, está prestes a alterar radicalmente…

8 horas ago

Energia sustentável no coração da floresta: Comunidade amazônica recebe primeira usina híbrida

A remota comunidade de Caiambé, às margens do Rio Solimões, em Tefé (AM), tornou-se pioneira…

12 horas ago

Povos Indígenas lideram a restauração ambiental com ciência e tradição

Durante décadas, a conversão de florestas em pastagens ameaçou a existência de comunidades indígenas em…

13 horas ago

Como regar a samambaia corretamente: entenda se o miolo é o lugar ideal

A samambaia é uma das plantas ornamentais mais tradicionais dos lares brasileiros. Com sua folhagem…

15 horas ago