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Vírus gigantes são descobertos no gelo escuro e na neve vermelha da Groenlândia

Vírus gigante

Pesquisadores do Ártico detectaram sinais de vírus gigantes vivendo na camada de gelo da Groenlândia que podem ajudar a reduzir alguns dos impactos das mudanças climáticas.

Os vírus gigantes, que podem ser até cerca de 1.500 vezes maiores do que os vírus comuns, podem estar atacando algas microscópicas que escurecem o gelo da Groenlândia e fazem com que ele derreta mais rapidamente.

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Pela primeira vez, em um novo estudo publicado em 17 de maio na revista Microbiome, os cientistas identificaram sinais de que os vírus gigantes estão vivendo em gelo e neve que contêm muitas algas coloridas, sugerindo uma relação entre os dois. A equipe espera que encontrar e entender esses vírus possa desbloquear maneiras de controlar naturalmente o crescimento das algas e, portanto, reduzir o derretimento.

“Não sabemos muito sobre os vírus, mas acho que eles podem ser úteis como uma forma de aliviar o derretimento do gelo causado pelas florações de algas”, disse Laura Perini, autora principal do estudo e pesquisadora pós-doutoral na Universidade de Aarhus, na Dinamarca, em um comunicado.

“Quão específicos eles são e quão eficiente seria, ainda não sabemos. Mas, ao explorá-los mais, esperamos responder algumas dessas perguntas”, acrescentou.
As algas ficam dormentes no gelo da Groenlândia e florescem na primavera, escurecendo partes da paisagem geralmente branca. A coloração mais escura reflete menos luz solar do que a neve e o gelo brancos, o que acelera o derretimento, de acordo com o comunicado.
Os pesquisadores coletaram amostras de gelo escuro, neve vermelha e buracos de derretimento em diferentes locais da camada de gelo da Groenlândia em 2019 e 2020.

Eles então analisaram o DNA encontrado nessas amostras para identificar sequências de genes com alta semelhança com vírus gigantes, que pertencem ao filo Nucleocytoviricota.
“Tanto no gelo escuro quanto na neve vermelha encontramos assinaturas de vírus gigantes ativos. E essa é a primeira vez que eles foram encontrados na superfície do gelo e da neve contendo uma alta abundância de microalgas pigmentadas”, disse Perini.

As algas fazem parte de um ecossistema complexo que também inclui bactérias, fungos e protistas — uma coleção de organismos tipicamente pequenos e unicelulares que não se encaixam em outros grupos. Perini e sua equipe continuarão a pesquisa na tentativa de entender melhor o ecossistema como um todo, para que possam determinar quais hospedeiros os vírus estão infectando e ter certeza de que estão atacando as algas.

“Continuaremos estudando os vírus gigantes para aprender mais sobre suas interações e qual é exatamente o seu papel no ecossistema”, disse Perini.

Redação Revista Amazônia

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