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Quando a coruja cruza o céu noturno, ela o faz como um fantasma — sem emitir qualquer som perceptível. O voo silencioso da coruja não é apenas uma característica curiosa: é uma adaptação biológica impressionante que fascina estudiosos e intriga quem a observa. Por trás dessa capacidade única estão detalhes anatômicos e comportamentais surpreendentes, que tornam esse predador noturno um verdadeiro mestre da furtividade.
O voo silencioso da coruja é resultado de uma combinação única de fatores anatômicos e estruturais nas penas. Essa capacidade é essencial para sua sobrevivência, já que a maioria das corujas caça à noite e depende do fator surpresa para capturar presas pequenas e ágeis, como ratos e outros roedores. Cientistas já compararam o bater de asas da coruja com o de outros pássaros — como pombos ou falcões — e constataram que a diferença sonora é gritante.
O primeiro segredo está na própria estrutura das penas. As corujas possuem bordas serrilhadas nas penas das asas, o que quebra a turbulência do ar durante o voo. Em vez de causar redemoinhos barulhentos, como acontece com outras aves, essas penas especiais canalizam o ar suavemente. Além disso, as penas mais externas são macias e flexíveis, com textura parecida com veludo, ajudando a absorver o som ao invés de refletir.
Outro detalhe importante é o formato das asas. As corujas possuem asas proporcionalmente maiores do que a maioria das aves de seu porte. Isso permite que elas voem mais devagar e permaneçam mais tempo planando — tudo com menos necessidade de bater as asas. Quanto menos movimento, menos ruído. Esse voo lento e constante é ideal para caçadas furtivas em ambientes com pouca luz.
O silêncio no voo está diretamente ligado à precisão na caça. As corujas têm uma audição extraordinária, capaz de localizar presas apenas pelo som que produzem ao se mover. Se a ave emitisse barulhos durante o voo, ela mesma comprometeria sua escuta. Portanto, o silêncio permite tanto o efeito surpresa quanto a manutenção da percepção sonora — criando um ciclo de eficiência predatória raro na natureza.
Falcões e águias são predadores poderosos, mas fazem bastante ruído ao voar. Já as corujas, por causa de sua evolução especializada para caçadas noturnas, precisaram desenvolver estratégias de aproximação invisível. Essa diferença é tão marcante que cientistas gravaram sons de voos de diferentes aves e criaram gráficos acústicos: enquanto o de falcões e patos exibe picos sonoros constantes, o das corujas é praticamente uma linha reta — ou seja, silêncio quase total.
A engenharia moderna já começou a se inspirar na coruja. Pesquisadores do mundo todo analisam suas penas para desenvolver turbinas de vento mais silenciosas, drones de vigilância furtiva e até sistemas de ventilação mais suaves. A biomimética — ciência que imita soluções da natureza — vê nas corujas um modelo sofisticado de design acústico e aerodinâmico.
Embora pouco mencionadas, as patas fortes e a cauda larga também desempenham um papel importante no controle do voo. Durante a aproximação final da presa, a coruja usa os pés como leme, ajustando o ângulo de ataque. A cauda, por sua vez, atua como freio e estabilizador, evitando movimentos bruscos e barulhentos. Essa sincronia silenciosa entre corpo e asas é resultado de milhões de anos de evolução.
Estudos em laboratório mostraram que até mesmo camundongos expostos a corujas voando a curta distância não demonstram sinais de alerta com a aproximação aérea. Isso indica que o seu voo não só é silencioso para humanos, mas também passa despercebido para suas vítimas. Uma verdadeira arma secreta.
O voo silencioso não é apenas um truque natural elegante — é uma obra-prima da evolução. Ao entender seus mecanismos silenciosos, ganhamos mais do que curiosidade satisfeita: obtemos pistas valiosas para a tecnologia do futuro, e um novo respeito por essa ave enigmática que domina o céu noturno com tanta discrição.
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