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Desafio de conquistar o compromisso global em zerar emissões até 2040, afirma Carlos Nobre

 

O renomado cientista brasileiro Carlos Nobre, uma das maiores autoridades em estudos sobre mudanças climáticas, afirmou nesta quarta-feira (18), em São Paulo, que a principal tarefa da próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) será convencer os países a atingirem a neutralidade de emissões líquidas até 2040. O evento, que acontecerá em Belém, no estado do Pará, está previsto para novembro de 2025.

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Zerar as emissões até 2050

Nobre destacou que a meta de zerar as emissões até 2050 já não é suficiente para evitar um aumento perigoso da temperatura global. “Precisamos avançar para 2040, pois, se mantivermos o ritmo atual, a temperatura poderá subir até 2,5 ºC, o que nos levaria a pontos de não retorno”, alertou o cientista. Ele ressaltou que o Brasil, com seu perfil de grandes emissores, tem o potencial de ser o primeiro país a alcançar a neutralidade até 2040.

Em 2015, durante a COP21, em Paris, mais de 195 países firmaram o compromisso de limitar o aquecimento global a 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais. Na COP26, em Glasgow, foi estabelecido o objetivo de reduzir as emissões globais em 43% até 2030 e atingir a neutralidade até 2050. No entanto, muitos especialistas alertam que o mundo pode ultrapassar esses limites antes do previsto, o que traria riscos significativos, incluindo a chegada a pontos de não retorno; uma situação irreversível das mudanças climáticas.

Limite de 1,5 ºC

Nobre enfatizou que ultrapassar o limite de 1,5 ºC poderia ter consequências dramáticas, como a perda irreversível da capacidade de regeneração da Floresta Amazônica, devido ao desmatamento e ao aquecimento global, o que levaria à desertificação da região.

“O planeta registrou um aumento de temperatura alarmante em 2023 e 2024”, afirmou o cientista. “Em 2021, a temperatura estava 1,16 ºC mais alta que nos períodos de 1850 a 1900. Já em 2024, esse aumento chegou a 1,59 ºC, com um crescimento de 0,46 ºC em apenas três anos. Estamos há 17 meses com temperaturas acima de 1,5 ºC, o que é uma grande preocupação”, completou.

Nobre

Carlos Nobre, que também é pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), assumiu recentemente a Cátedra Clima & Sustentabilidade da USP, com o objetivo de fortalecer as pesquisas nas áreas de clima e sustentabilidade. Durante a cerimônia de posse, realizada em São Paulo, ele explicou que a cátedra terá dois focos principais para 2025: estudar soluções de infraestrutura verde para combater inundações e ondas de calor na região metropolitana de São Paulo, além de criar programas de capacitação sobre emergências climáticas para professores e alunos do ensino fundamental e médio de todo o Brasil.

Redação Revista Amazônia

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