Apenas 17% dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Apresentam Avanços


O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um grave alerta sobre a falta de progresso em áreas cruciais como paz, mudanças climáticas e financiamento internacional para o desenvolvimento. Durante o lançamento do relatório sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nesta sexta-feira, Guterres destacou que apenas 17% das metas mostraram avanços significativos. Ele enfatizou a urgência de ações aceleradas para alcançar esses objetivos.

Avanço Limitado e Desafios Persistentes

Faltando apenas seis anos para o prazo de 2030, o relatório revela que o progresso está muito aquém do necessário. Sem investimentos substanciais e ações em grande escala, a realização dos ODS permanece incerta. Enquanto 17% das metas avançaram significativamente, quase metade apresenta progresso mínimo ou moderado, e mais de um terço está estagnado ou regredindo.

Os impactos persistentes da pandemia de Covid-19, a escalada de conflitos, tensões geopolíticas e o caos climático têm prejudicado gravemente o progresso. O relatório aponta que mais 23 milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza extrema e mais de 100 milhões enfrentaram fome em 2022, comparado a 2019. Além disso, o número de mortes de civis em conflitos armados aumentou drasticamente em 2023, o ano mais quente já registrado, com temperaturas globais se aproximando do limite crítico de 1,5°C.

Necessidade de Cooperação Internacional

Guterres destacou a necessidade urgente de uma cooperação internacional mais eficaz para maximizar o progresso. Ele ressaltou que a promessa de acabar com a pobreza, proteger o planeta e não deixar ninguém para trás deve ser cumprida nos próximos seis anos.

O relatório identifica prioridades urgentes, como o financiamento do desenvolvimento. A lacuna de investimento dos ODS nos países em desenvolvimento agora é de US$ 4 trilhões por ano. É essencial fornecer mais recursos financeiros e espaço fiscal para esses países, além de reformar a arquitetura financeira global para liberar o volume necessário de financiamento para o desenvolvimento sustentável.

Paz e Segurança: Uma Prioridade

O foco em paz e segurança é outra prioridade. O número de pessoas deslocadas à força atingiu um nível sem precedentes, quase 120 milhões até maio de 2024. As mortes de civis aumentaram 72% entre 2022 e 2023 devido à escalada da violência, destacando a necessidade urgente de resolver conflitos por meio do diálogo e da diplomacia.

Implementação e Parcerias

O relatório também enfatiza a necessidade de aumentar a implementação com investimentos maciços e parcerias eficazes para promover transições críticas em áreas como alimentos, energia, proteção social e conectividade digital. A Cúpula do Futuro, marcada para 22 e 23 de setembro na sede da ONU em Nova Iorque, será um momento crucial para realinhar os esforços em direção aos ODS.

Momentos-chave para os ODS

Além da Cúpula do Futuro, a Conferência sobre Financiamento para o Desenvolvimento e a Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social em 2025 serão eventos importantes para impulsionar os ODS.

Outras Conclusões do Relatório

  • O crescimento do PIB per capita em metade das nações mais vulneráveis é mais lento do que o das economias avançadas.
  • Quase 60% dos países enfrentaram preços de alimentos elevados em 2022.
  • Em 120 países, 55% não tinham leis contra a discriminação direta e indireta das mulheres.
  • O aumento do acesso ao tratamento evitou 20,8 milhões de mortes relacionadas à Aids nas últimas três décadas.
  • Apenas 58% dos estudantes atingem a proficiência mínima em leitura ao final do ensino fundamental.
  • O desemprego global atingiu o mínimo histórico de 5% em 2023, mas ainda há desafios para a obtenção de trabalho decente.
  • A capacidade global de gerar eletricidade a partir de energia renovável cresceu 8,1% ao ano nos últimos cinco anos.
  • A banda larga móvel está acessível a 95% da população mundial.
  • As altas temperaturas dos oceanos provocaram um quarto evento global de branqueamento de corais.
  • Níveis elevados de dívida externa permanecem um desafio para os países em desenvolvimento, com cerca de 60% das nações de baixa renda em alto risco de endividamento.

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