Nesta sexta-feira, 29 de novembro, encerrou-se em Brasília o I Encontro Nacional de Agroecologia Indígena, um marco na discussão sobre produção sustentável em territórios indígenas.
Também estiveram presentes representantes de organizações não governamentais indígenas e indigenistas, além de especialistas em tecnologia da informação (TI) voltada para as comunidades.
Objetivo e Destaques
O evento foi organizado pelo Grupo de Trabalho de Povos Indígenas da Articulação Nacional de Agroecologia (GT Povos Indígenas/ANA), em parceria com órgãos como a Embrapa e o
Ministério dos Povos Indígenas (MPI). A pesquisadora Terezinha Dias, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, destacou a relevância inédita do evento.
“Pela primeira vez, temos um espaço exclusivo para debater pautas específicas sobre produção agroecológica em territórios indígenas, com foco na soberania e segurança alimentar”, afirmou.
Uma das principais preocupações abordadas foi o desaparecimento de sementes tradicionais em territórios indígenas e a necessidade de fortalecer a agrobiodiversidade.
Lideranças indígenas enfatizaram a importância de dinâmicas como feiras de sementes e programas de resgate para preservar esses recursos.
Feira Agroecológica e Parcerias
Na manhã de quinta-feira (28/11), foi realizada uma ampla Feira Agroecológica ao lado do Ministério dos Povos Indígenas, reunindo artesanato e produtos da sociobiodiversidade.
A iniciativa contou com a colaboração da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, da Embrapa Cerrados e da Embrapa Alimentos e Territórios, que apoiaram a infraestrutura do evento e a participação de representantes indígenas.
Além da feira, ocorreu uma audiência pública que discutiu ações governamentais para promover a agroecologia em territórios indígenas.
“Essas ações estão diretamente alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e fortalecem o compromisso do Brasil com uma agenda sustentável”, destacou Terezinha Dias.
Preservação Cultural e Sustentabilidade
A preservação das sementes tradicionais e o incentivo à produção sustentável estão no centro das discussões. Essas ações não apenas promovem a segurança alimentar, mas também garantem a valorização da cultura e dos conhecimentos tradicionais indígenas.
Terezinha Dias assinalou que o fortalecimento da agrobiodiversidade deve ser uma prioridade, especialmente em um momento em que a mudança climática representa ameaças crescentes à sustentabilidade das práticas agrícolas tradicionais.
Impacto nos Territórios Indígenas
O evento destacou que a agroecologia vai além da produção agrícola. É uma prática que conecta a preservação ambiental, a segurança alimentar e a valorização cultural. As sementes tradicionais, muitas vezes tratadas como patrimônio cultural, foram
apontadas como um recurso essencial para o fortalecimento das comunidades indígenas e de sua autonomia produtiva.
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O papel fundamental das comunidades indígenas e locais na conservação
A iniciativa também reforça o papel do Brasil como líder em práticas sustentáveis e na promoção da diversidade cultural. “A agroecologia indígena é uma ferramenta poderosa para fortalecer a resistência e a resiliência dos povos indígenas”, concluiu a pesquisadora.