Alguns sons da natureza são tão misteriosos que chegam a provocar arrepios — e um dos mais intrigantes é o da coruja Suindara. Seu grito agudo, estridente e prolongado lembra, de forma assustadora, o choro de um bebê no meio da noite. Para quem nunca ouviu esse som antes, a impressão pode ser perturbadora. Não é à toa que ela protagoniza lendas, mitos e até histórias de terror em várias regiões do Brasil.
Uma ave de aparência enigmática
A coruja Suindara, também conhecida como coruja-das-torres ou Tyto furcata, tem uma aparência única: olhos escuros e profundos, plumagem clara em forma de coração e hábitos noturnos que reforçam ainda mais seu ar misterioso. Ela é uma das espécies mais amplamente distribuídas no mundo, presente em praticamente todos os continentes, com exceção da Antártida.
Durante o dia, ela costuma se esconder em locais escuros como sótãos, torres de igrejas ou ocos de árvores. Mas é à noite que ela entra em ação — tanto para caçar quanto para vocalizar. E é nesse momento que o seu grito pode provocar sustos e confusão.
Por que o som assusta tanto?
O som da coruja Suindara não é exatamente um canto. Ao contrário das corujas que fazem “uuuh” ou de outras aves que emitem sons melódicos, ela solta um grito rouco, contínuo e bem agudo. É uma vocalização territorial, usada principalmente para marcar presença ou alertar outras corujas da sua espécie. Quando ouvida em silêncio total, esse som parece vir de uma criança chorando — o que pode causar espanto, especialmente em áreas rurais ou mal iluminadas.
Em cidades do interior e zonas de mata, esse som é associado a presságios ou eventos sobrenaturais. Muita gente acredita que ouvir o grito da Suindara é sinal de morte próxima ou de más notícias, reforçando sua fama de “mensageira do além”.
A importância ecológica da coruja Suindara
Apesar do ar sombrio e do grito assustador, a coruja Suindara é uma grande aliada do equilíbrio ambiental. Ela se alimenta principalmente de pequenos roedores, como ratos e camundongos, ajudando a controlar infestações em áreas urbanas e rurais. Uma única coruja pode capturar dezenas de roedores por semana.
Por esse motivo, ela é considerada uma espécie essencial para o controle biológico de pragas. Muitos agricultores valorizam sua presença, justamente por evitar o uso excessivo de venenos.
Proteção e convivência
Infelizmente, por causa das superstições, a coruja Suindara ainda é alvo de maus-tratos e perseguições. Algumas pessoas tentam espantar ou até exterminar essas aves por medo ou ignorância. No entanto, elas são protegidas por leis ambientais e fazem parte da biodiversidade que precisa ser respeitada e preservada.
O ideal é aprender a conviver com a presença dessas aves e entender que o som assustador que emitem é, na verdade, parte de sua comunicação natural. Ouvir uma Suindara pode ser um privilégio raro — e uma oportunidade de se conectar com os mistérios da vida noturna da natureza.
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