A indústria brasileira está em uma jornada para se tornar neutra em carbono até 2050, um objetivo que exigirá um investimento estimado de R$ 40 bilhões, de acordo com um estudo recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Este investimento será direcionado para a modernização de vários setores industriais, com foco em tecnologias de combustíveis e eficiência.
O Mercado de Carbono como Viabilizador da Neutralidade Climática
O estudo da CNI sugere que o mercado de carbono pode ser um facilitador crucial para alcançar a neutralidade climática no Brasil. Este mercado envolve a negociação de permissões para emitir gases de efeito estufa, incentivando as empresas a reduzir suas emissões. Davi Bomtempo, gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, ressalta a importância de considerar a expansão de biocombustíveis e energias renováveis, além do mercado de carbono, para alcançar a descarbonização.
O Caminho para a Descarbonização
O estudo da CNI foi baseado em uma revisão de pesquisas realizadas nos últimos anos e contou com a contribuição de especialistas de cada segmento industrial. No entanto, a CNI observa que alguns setores não incluíram no cálculo os valores de investimentos indiretos necessários para aumentar a oferta de energia renovável e alternativas, como infraestruturas de portos, estradas e telecomunicações. Isso sugere que o investimento necessário para a descarbonização pode ser maior do que o inicialmente previsto.
O Compromisso do Brasil com o Acordo de Paris
O Brasil retomou a meta assumida no Acordo de Paris em 2015 de reduzir suas emissões em 48% até 2025 e em 53% até 2030. Para atingir essas metas, é consenso entre especialistas, entidades privadas e os poderes Executivo e Legislativo que o país precisa aprovar o projeto de mercado regulado de carbono atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados.
O Futuro do Mercado de Carbono no Brasil
O PL 412/2022, que cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), tem como objetivo reduzir a emissão de gases. O texto foi aprovado por unanimidade na Comissão de Meio Ambiente do Senado e agora aguarda votação na Câmara. O relator da proposta, deputado Aliel Machado (PV-PR), acredita que o mercado de carbono é a principal agenda brasileira do ponto de vista ambiental.
Um estudo realizado pelo governo brasileiro em parceria com o Banco Mundial sugere que o mercado regulado de carbono tem potencial para movimentar cerca de R$ 128 bilhões em receitas no Brasil, além de impulsionar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e reduzir o desemprego.
A descarbonização da indústria brasileira é um desafio significativo, mas também uma oportunidade para modernizar a economia, aumentar a competitividade e contribuir para a luta global contra as mudanças climáticas. Com o compromisso certo e o investimento adequado, o Brasil pode se tornar um líder na transição para uma economia de baixo carbono.