Alerta ambiental para a humanidade
A partir desta quinta-feira, a humanidade começará a operar no “vermelho ambiental“, tendo esgotado os recursos que o planeta pode fornecer para este ano, conforme alertado pela organização internacional Global Footprint Network. Em Portugal, os recursos se esgotaram já em maio.
O Dia da Sobrecarga do Planeta, que este ano chegou um dia antes do que no ano passado, marca o ponto em que a demanda por recursos e serviços ecológicos ultrapassa a capacidade da Terra de regenerá-los ao longo do ano.
De acordo com a associação ambientalista Zero, isso significa que, a partir de agora, estamos utilizando recursos naturais que deveriam ser consumidos somente a partir de 1 de janeiro de 2025. Na prática, estamos utilizando 1,7 planetas, ou seja, 70% a mais do que a Terra pode oferecer anualmente.
Analisando os dados da Global Footprint Network, a Zero observa uma estagnação no avanço do Dia da Sobrecarga do Planeta, possivelmente devido aos esforços de descarbonização. No entanto, a associação alerta que, para reduzir as emissões globais em 43% até 2030, seria necessário retroceder o Dia da Sobrecarga em 19 dias a cada ano.
“A Humanidade precisa acelerar as mudanças necessárias para reduzir o impacto das suas atividades e necessidades sobre a capacidade do planeta”, afirma a Zero. A associação sugere que alimentar 75% das necessidades elétricas com fontes renováveis atrasaria o Dia da Sobrecarga em 25 dias, reduzir o desperdício alimentar pela metade resultaria em um atraso de 13 dias, e cortar pela metade a pegada de carbono atrasaria o Dia em 93 dias, para o início de novembro.
Portugal esgota recursos mais cedo
A Pegada Ecológica mede a demanda humana por recursos renováveis e serviços essenciais, comparando-a com a capacidade da Terra de fornecê-los (biocapacidade). Este ano, o Catar foi o primeiro país a esgotar seus recursos, em 11 de fevereiro, seguido por Luxemburgo em 20 de fevereiro. Os últimos países a esgotar seus recursos serão Equador e Indonésia, em 24 de novembro.
Cimeira do Futuro
A Zero destaca a importância de acelerar a transição ecológica, mencionando a Cimeira do Futuro, organizada pela ONU em setembro, que discutirá estratégias para integrar os efeitos futuros nas decisões atuais.
A Zero espera que a Cimeira do Futuro, que reunirá líderes mundiais, resulte na adoção de um Pacto para o Futuro. A Global Footprint Network, pioneira na medição da pegada ecológica, alerta que o uso excessivo de recursos compromete os oceanos, leva à desflorestação, erosão dos solos, perda de biodiversidade e aumento de CO2 na atmosfera, fatores que contribuem para o aquecimento global, eventos climáticos extremos e insegurança alimentar.
Lewis Akenji, da Global Footprint Network, afirmou que o futuro dependerá de uma transição planejada ou de um desastre causado pelo desequilíbrio planetário.
Comparando a situação com os Jogos Olímpicos em Paris, a organização destaca que, assim como os atletas alcançam avanços com concentração, inovação e esforço, a humanidade precisa fazer o mesmo para eliminar o Dia da Sobrecarga do Planeta.
Fonte: Jornal de Notícias
