Abdias do Nascimento, um dos maiores ativistas do movimento negro no Brasil, agora tem seu nome eternizado no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A Lei nº 14.800/2024, que estabelece a homenagem no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília, foi publicada no Diário Oficial da União em 9 de janeiro de 2024.
Um Legado Inestimável
Nascido em Franca, São Paulo, em 1914, neto de africanos escravizados, Abdias do Nascimento foi um intelectual multifacetado. Ele dedicou sua vida a pensar, debater e difundir a cultura africana e o combate ao racismo. Como escritor, ator, artista visual, professor e político, ele se tornou um dos maiores expoentes da cultura negra no século 20.
Em 1944, ele criou o Teatro Experimental do Negro (TEN), uma companhia teatral formada por operários, empregadas domésticas e trabalhadores sem formação. O TEN chegou a ter um programa televisivo na extinta TV Tupi, com temáticas sobre cidadania e conscientização racial.
O Museu da Arte Negra
Abdias também desenvolveu o projeto do Museu da Arte Negra (MAN), que abriu sua exposição inaugural no Museu de Imagem e do Som do Rio de Janeiro, em 1968. No mesmo ano, Abdias partiu para o exílio nos Estados Unidos, onde se tornou professor emérito de culturas africanas no Novo Mundo na Universidade de Nova York.
Retorno ao Brasil
Quando Abdias voltou ao Brasil, após 13 anos de afastamento durante o regime autoritário, ele fundou o Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros. Participou da fundação do Movimento Negro Unificado contra o Racismo e a Discriminação Racial e ajudou a criar o Memorial Zumbi.
Abdias foi consultor da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), deputado federal e senador. Ele morreu aos 97 anos, em 2011, e teve suas cinzas depositadas na Serra da Barriga, em Alagoas, onde existiu a República dos Palmares.
Um Herói da Pátria
Com a inscrição de seu nome no Livro de Aço, Abdias do Nascimento recebe o mesmo título de Herói da Pátria dado ao líder quilombola Zumbi dos Palmares. Este reconhecimento é um testemunho do impacto duradouro de Abdias do Nascimento na luta pela igualdade racial no Brasil.