A programação do Earth Innovation Institute (EII) na COP30, em Belém, revela a amplitude de temas que hoje moldam as disputas globais sobre clima, uso da terra e financiamento de florestas. Em uma conferência marcada pelo protagonismo da Amazônia e pela pressão por mecanismos confiáveis de redução de emissões, o instituto participa de debates que vão do futuro do mercado de carbono florestal ao papel das salvaguardas de REDD+ na garantia de justiça climática. A agenda se estende até 19 de novembro, com atividades distribuídas pela Zona Azul, Zona Verde e pela Casa da Biodiversidade e Clima, coordenada pela Abema.

A presença do EII na conferência reforça seu papel histórico na formulação de estratégias de baixo carbono na região amazônica. O instituto, fundado e dirigido pelo pesquisador Daniel Nepstad, tem contribuído para políticas de conservação e modelos produtivos sustentáveis em diversos países tropicais. Na COP30, seus especialistas atuam como porta-vozes de debates que buscam conciliar integridade ambiental, inclusão social e viabilidade econômica — combinação que se tornou urgente em meio às mudanças climáticas.
A programação se inicia no dia 13, com dois debates estratégicos na Zona Azul: o painel que discute se o mercado de carbono florestal está, de fato, maduro o suficiente para impulsionar o financiamento das florestas tropicais, com participação do economista Ronaldo Seroa, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; e o encontro sobre a integração das cadeias produtivas corporativas com o REDD+ jurisdicional em Mato Grosso, com a presença de Daniel Nepstad. Ambos tocam em pontos sensíveis do debate: a credibilidade dos créditos de carbono e os caminhos para que empresas adotem compromissos alinhados às metas climáticas dos estados da Amazônia.
Ainda no dia 13, Nepstad e Monica de los Rios, diretora executiva do EII no Brasil, são homenageados pelos 15 anos do SISA, o Sistema de Incentivos a Serviços Ambientais do Acre, referência nacional e internacional. O evento celebra o Programa REM Acre, um dos principais esforços de financiamento para redução de emissões por desmatamento no país — área na qual o EII atua como parceiro técnico desde sua criação.
No dia 14, o debate se desloca para a discussão dos processos de consentimento livre, prévio e informado (CLPI) em programas JREDD+. A presença de Monica de los Rios como debatedora destaca a centralidade do tema da justiça climática na conferência. A urgência de garantir que povos indígenas e comunidades tradicionais participem com autonomia e segurança desses processos é um dos principais pontos de atenção da COP30.

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A agenda se expande novamente no dia 16, quando o EII organiza uma visita de campo com doadores internacionais. O objetivo é apresentar sistemas produtivos que integrem eficiência econômica e redução de impactos ambientais. A primeira parada será na Fazenda Dona Eunice, em Maracanã, Pará, que opera sistemas de recria e engorda bovina com uso parcial de manejo intensivo. A produtividade alcança níveis oito vezes superiores à média nacional, demonstrando o potencial da intensificação sustentável para reduzir a pressão sobre novas áreas.
A segunda visita ocorrerá na Fazenda JT Melhoramentos, referência em produção de açaí irrigado com variedades geneticamente aprimoradas. O uso de microaspersão e o manejo cuidadoso de 60 hectares cultivados garantem produtividade de até 12 toneladas por hectare. As duas experiências ilustram caminhos distintos para a transição produtiva em regiões tropicais.
Nos dias seguintes, o instituto amplia sua participação em debates estratégicos. Em 17 de novembro, a programação inclui painéis sobre salvaguardas de REDD+, integridade socioambiental do financiamento climático, e desafios entre competitividade agropecuária e programas jurisdicionais de baixas emissões. Em 18 de novembro, o EII participa do lançamento do relatório GEO Brasil 2025 no pavilhão da ONU, com presença de Luiza Muccillo, líder de estratégias de financiamento climático da instituição. A programação se encerra no dia 19, com reunião fechada sobre a expansão da J-REDD+ Coalition, reunindo pesquisadores e tomadores de decisão.
A participação intensa do EII na COP30 reflete sua atuação consolidada na Amazônia desde a década de 1980. A organização, sem fins lucrativos, desenvolve soluções de baixo carbono em agricultura, silvicultura e pesca, além de apoiar estados e regiões tropicais na formulação de programas robustos de REDD+. Seu objetivo central é garantir reduções reais e verificáveis de emissões, alinhadas a padrões internacionais, contribuindo para um modelo de desenvolvimento que una conservação, inclusão social e dinamismo econômico.
Para saber mais sobre o trabalho do instituto, o relatório especial “A grande solução climática: Floresta Amazônica e o mercado de carbono” está disponível no site do EII.







































