SNCT 2025 aproxima o público do universo da ciência no Brasil


O Brasil vive, de norte a sul, a 22ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que este ano traz como tema “Planeta Água: a cultura oceânica para enfrentar as mudanças climáticas no meu território”. O evento marca uma etapa importante na aproximação da ciência com a sociedade, levando laboratórios, oficinas e exposições às escolas, praças e museus em todas as regiões do país.

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Nos rincões amazônicos, por exemplo, instituições como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) em Manaus e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) em Tefé promovem atividades que misturam aquicultura, restauração florestal, saberes tradicionais e inteligência artificial aplicada à biodiversidade. O Brasil “da água doce” vê nesse tema uma ponte para tratar de clima, cultura e comunidade.

No litoral nordestino, o evento vai além da sala de aula: na Bahia, o governo estadual lança o Prêmio Bahia Faz Ciência de Jornalismo, e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) leva planetário e sessões interativas a cidades como Salvador e Juazeiro. Em Pernambuco, o Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene) reúne estudantes para explorar hidrogênio verde, bioplásticos e monitoramento costeiro. A ciência sai do laboratório e se mostra ferramenta de transformação local.

Na região Centro-Oeste, estados como Mato Grosso premiam pesquisas com até R$ 40 mil e lançam revistas científicas que reúnem mais de 90 autores. Já em Goiás e Tocantins, institutos federais articulam oficinas sobre saneamento, clima e recursos naturais, conectando estudantes e comunidade com a ciência aplicada ao território.

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Fonte: Iberdrola, S.A

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O Sudeste também observa a onda: em São Paulo, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) abre visitas aos satélites, telescópios e laboratórios. No Rio de Janeiro, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) promovem experiências imersivas com observações astronômicas e discussões sobre biodiversidade marinha.

No Sul, a Universidade Federal do Rio Grande (FURG) mobiliza hackathons, feiras científicas e apresentações culturais em municípios costeiros catarinenses e gaúchos, abordando gestão da água, inclusão social e ancestralidade. A ciência se articula como cultura popular — e não apenas como tema acadêmico.

O que torna essa edição da SNCT especialmente relevante é o foco explícito no oceano — ou melhor, na cultura oceânica — mesmo em regiões longínquas do litoral. Como destaca o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), “colocar o oceano no centro” sinaliza que o Brasil compreende a relação da água — marinha, fluvial ou subterrânea — com o clima, a alimentação, a economia e a inovação.

Essa aposta mostra que a ciência popular pode ser estratégica: levar oficinas, feiras, aplicativos, laboratórios temáticos até comunidades ribeirinhas ou escolas de periferia significa abrir uma porta para o que se costuma chamar “ciência cidadã”. A SNCT, em 2025, não é apenas um calendário de eventos — é um convite para refletir como cada território pode contribuir para a resposta às mudanças climáticas por meio da cultura oceânica.

É também uma vitrine de políticas públicas de divulgação científica: o MCTI, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), abriu chamadas públicas para apoiar eventos que tratem desse tema em todo o país. Em estados afastados da costa, isso assume conotação simbólica: a cultura oceânica aplicada aos rios, ao clima e à água doce revela que “litoral” não é a única “porta de entrada” para o oceano.

Para escolas, jovens pesquisadores e comunidades, a semana representa ainda uma oportunidade de ver a ciência de perto — não como algo distante, mas como parte da vida cotidiana, do território onde se vive e da água que se usa ou que corre ao redor. A mobilização diz: a ciência está em cada gota, em cada rio, em cada mar, em cada mudança de clima. Seja em Belém, em Brasília ou no extremo sul do país, a 22ª SNCT convida a “mergulhar” nessa grande onda do conhecimento.