O futuro da Amazônia está cada vez mais ligado à tecnologia e à transparência. Nesta semana, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) lançaram o Deter Não Floresta (Deter NF), uma ferramenta inédita que passa a monitorar diariamente todo o bioma amazônico, incluindo áreas até então pouco acompanhadas.

A novidade amplia o alcance do sistema Deter, que já atuava na vigilância da floresta densa, mas deixava descobertas regiões de campos naturais, savanas e zonas de transição, que representam cerca de 20% da Amazônia. Agora, com a integração dessas áreas, a plataforma ganha uma visão mais completa do bioma, tornando-se um instrumento estratégico para conter o avanço das atividades ilegais.
O Deter NF combina imagens de satélite com algoritmos de inteligência artificial, permitindo identificar sinais de desmatamento, mineração e queimadas em tempo real. Os dados gerados são públicos, gratuitos e já podem ser acessados pelo portal TerraBrasilis, que reúne diferentes bases de informações ambientais produzidas pelo Inpe.

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Um salto na governança ambiental
Para o secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do MMA, André Lima, o lançamento fecha uma lacuna histórica. “Onde antes havia um vazio de informação diária, agora temos transparência e agilidade. Isso fortalece a ação do Estado e democratiza o acesso à informação”, afirmou.
A importância prática desse avanço se traduz na atuação de órgãos de fiscalização, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além das polícias ambientais estaduais. Com alertas mais rápidos, as equipes em campo podem agir de forma preventiva e não apenas reativa, evitando que danos ambientais avancem sem controle.
Tecnologia a serviço da floresta
De acordo com o Inpe, o Deter NF é fruto de anos de pesquisa e do programa BiomasBR, que investe em inovação para monitoramento de ecossistemas. O coordenador do projeto, Cláudio Almeida, destacou que foram aplicadas técnicas avançadas de processamento de imagens e aprendizado de máquina para criar um sistema robusto e confiável.
O próximo passo será expandir a tecnologia para outros biomas ainda sem monitoramento diário, como a Mata Atlântica, a Caatinga e o Pampa. A expectativa é que, assim como na Amazônia, esses ecossistemas também possam ter um acompanhamento capaz de detectar pressões ambientais com rapidez.
Resultados já visíveis
Os dados do Deter mostram que, somente em agosto de 2025, os alertas de desmatamento na Amazônia Florestal caíram 36,6% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Nas áreas não florestais, houve aumento de 8%, reforçando a necessidade do novo sistema. Em outros biomas, os resultados também foram positivos: queda de 27,3% no Cerrado e de 16,8% no Pantanal.
Esses números revelam que o desafio ainda é grande, mas a tecnologia pode acelerar respostas e apoiar políticas públicas mais eficazes.
Além do impacto direto na fiscalização, o Deter NF também é um instrumento de engajamento social. O acesso público aos alertas possibilita que universidades, organizações da sociedade civil, jornalistas e cidadãos acompanhem em tempo real o que acontece na Amazônia.
Com a realização da COP30 em Belém, em 2025, iniciativas como essa se tornam ainda mais estratégicas. O Brasil tem a oportunidade de mostrar ao mundo que a defesa da Amazônia passa por inovação, ciência e transparência, oferecendo exemplos concretos de como tecnologia e políticas públicas podem caminhar juntas no combate ao aquecimento global.
O Deter NF, portanto, não é apenas uma ferramenta técnica. É um passo simbólico na forma como o país olha para seus territórios, transformando dados em ação e informação em poder de decisão.








































